quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Os Jardins de Adónis Dizem-se de Muitos Modos

§1


Adónis.


§2

Sócrates
Aquele [discurso] que com conhecimento se escreve na alma de quem aprende, esse é capaz de se defender a si próprio e sabe falar e ficar silencioso diante de quem convém.

Fedro
Estás a referir-te ao discurso de quem sabe, o discurso vivo e animado, de que o escrito se poderia considerar justamente uma imagem.

Sócrates
Pois absolutamente. E agora diz-me: o agricultor inteligente, que se preocupa com as sementes e deseja torná-las fecundas, acaso as semeia diligentemente em pleno verão nos "jardins de Adónis", pela alegria de ver que esses jardins se tornam belos em oito dias?

Platão, Fedro 276b, José Ribeiro Ferreira (trad). Edições 70: 1973



§3

Platão refer-se ao costume de, por altura das festas de Adónis, as Adónias, semear plantas em vasos, em açafates ou mesmo em conchas, que se colocavam sobre o telhado (cf. Aristófanes, Lisístrata 389; Menandro, A Mulher de Samos, cuja acção começa com a celebração das Adónias). Graças ao calor do Sol cresciam rapidamente e floresciam, para, dentro de um pouco tempo também breve, fenecerem como símbolos da morte prematura do amante de Afrodite, Adónis. A expressão "jardins de Adónis" indica tudo o que é passageiro como a existência do deus.

José Ribeiro Ferreira. Nota 163 à passagem acima.


§4


José de Ribera, Vénus e Adónis. (1637) @ Galleria Nazionale di Palazzo Corsini a Roma.



§5

As rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas e eterna, porque
Nascem nascido já o Sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.

Ricardo ReisPoesia. Assírio & Alvim: 2000.




§6

Ω ΤΟΝ ΑΔΩΝΙΝ

CANTO ADONEUS, væ!

Sappho [?], fr 168. Tradução minha.



§7

"o nosso"

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