sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Breve História da Propaganda

Filho dos bons deuses, insigne protector
do povo de Rómulo, já por demais te ausentas:
prometeste ao sacro concílio dos Pais
umr rápido regresso — pois regressa.

Devolve a luz, bom comandante, à tua pátria.
Pois logo que teu rosto de Primavera
para o povo reluz, o dia mais alegre passa,
os raiso do sol melhor brilham.

Tal como a mãe o olhar não desvia da recurva costa
e com votos e augúrios e preces
por seu jovem filho chama
que o invejoso sopro de Noto

nos confins do mar Cárpato atrasa,
afastando-o por mais de um ano do lar amado,
assim a pátria fiel, ferida de saudade,
César procura.

Passeia o boi em segurança pelos pastos,
Ceres e a alma Prosperidade alimentam os campos,
os marinheiros vagam pelo pacato mar,
a Lealdade não admite ser posta em causa,

nenhuma desonra polui o casto lar,
o costume e a lei domaram o sujo vício,
as mães são louvadas pela semelhança de seus filhos,
o castigo segue de perto a culpa.

Quem receará o Parto, quem o assustado Cita,
quem os filhos que a hórrida Germânia deua à luz
estando César a salvo? Quem se inquietará
com a guerra da feroz Ibéria?

Cada homem passa nas suas colinas o dia inteiro
casando a videira com as árvores despidas,
e daí regressa ledo ao seu vinho, convidando-te
como um deus para a segunda mesa,

e honra-te com muitas preces, vertendo o vinho
das páteras, e louva em conjunto a tua divindade
e a dos seus Lares, tal como a Grécia se lembra
de Castor e do grande Hércules.

"Oh, possas tu, bom comandante, dar à Hespéria
longos dias de festa!", dizemos sóbrios de manhã,
quando o dia começa, dizemos ébrios à noites,
quando o sol no Oceano imerge.

[Diuis orte bonis, optume Romulae
custos gentis, abes iam nimium diu;
maturum reditum pollicitus patrum
sancto consilio redi.

Lucem redde tuae, dux bone, patriae;
instar ueris enim uoltus ubi tuus
adfulsit populo, gratior it dies
et soles melius nitent.

Vt mater iuuenem, quem Notus inuido
flatu Carpathii trans maris aequora
cunctantem spatio longius annuo
dulci distinet a domo,

uotis omnibusque et precibus uocat,
curuo nec faciem litore dimouet,
sic desideriis icta fedelibus
quaerit patria Caesarem.

Tutus bos etenim rura perambulat,
nutrit rura Ceres almaque Faustitas,
pacatum uolitant per mare nauitae,
culpari metuit fides,

nullis polluitur casta domus stupris,
mos et lex maculosum edomuit nefas,
laudantur simili prole puerperae,
culpam poena premit comes.

Quis Parthum paueat, quis gelidum Scythen,
quis Germania quos horrida parturit
fetus incolumi Caesare? Quis ferae
bellum curet Hiberiae?

Condit quisque diem collibus in suis
et uitem uiduas ducit ad arbores;
hinc ad uina redit laetus et alteris
te mensis adhibet deum;

te multa prece, te prosequitur mero
defuso pateris et Laribus tuum
miscet numen, uti Graecia Castoris
et magni memor Herculis.

'Longas o utinam, dux bone, ferias
praestes Hesperiae!' dicimus integro
sicco mane die, dicimus uuidi,
cum sol Oceano subest. ]



Horácio, Odes 4.5
Cotovia, Lisboa: 2008. (trad.: Pedro Praga Falcão)

*

Ó tu, Estaline, grande chefe dos povos,
Tu que fazes nascer o Homem,
Tu que fecundas a terra,
Tu que rejuvenesces os séculos,
Tu que cobres a Primavera de tranças,
Tu que fazes cantar a lira [...],
Tu és a flor da minha Primavera,
Um Sol reflectido por milhões
De corações humanos.

Rakhimov, Pravda de 28/08/1936.
(tirado de O Tempo da História — 12º ano)
*

Sem comentários:

Enviar um comentário