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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Mapa de Anaximandro

Desejaria mostrar exemplarmente o carácter polémico do empirismo científico no «objecto» que é a terra, pois, como se sabe, todas as ciências da natureza e até a astronomia nos remetem para esse objecto, que continua a ser a quintessência dos nossos «interesses pela natureza». É relativamente fácil mostrar que as «ciências da terra» são movidas por interesses polémico-práticos. A observação das superfícies da terra, bem como a exploração do seu interior, respondem, em muitos casos, a interesses políticos e militares [...]. No início da tradição geográfica europeia, encontramos um episódio memorável. Conta-se que o filósofo da natureza, Anaximandro, originário de Mileto, criou uma «escultura filosófica» (G. Nebel) por volta de 500 a.C. (pouco antes do levantamento jónico e antes da entrada da Grécia nos anos decisivos das guerras médicas): «...uma placa de bronze... sobre a qual estavam inscritos todo o globo terrestre, todos os mares e todos os rios» (Heródoto). O tirano de Mileto levou esse modelo da terra aos Espartanos por ocasião da visita que lhes fez a fim de pedir a ajuda militar da cidade do Peloponeso. «Só a carta geográfica pôde, na época, fazer compreender aos Espartanos a grandeza e os recursos do império persa; aprenderam a ver-se do exterior, aperceberam-se da sua pequenez e renunciaram à guerra» (Gerhard Nebel, Die Geburt des Philosophie, Estugarda, 1967, pp. 37 sq.). Nessa altura, imediatamente saltou a faísca entre a geografia e o cálculo estratégico.

Peter Sloterdijk, Crítica da Razão Cínica P-II, III.A.6 (pg. 441)
Relógio d'Água, Lisboa: 2011 (trad.: Manuel Resende).

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Leitores Atentos §14

O lugar de onde todas as coisas têm a sua geração é o mesmo em direcção ao qual elas têm de ser destruídas, segundo a necessidade; pois elas têm de pagar pela penitência e ser julgadas pela sua injustiça, segundo a ordem do tempo.

ἐξ ὧν δὲ ἡ γένεσίς ἐστι τοῖς οὖσι, καὶ τὴν φθορὰν εἰς ταῦτα γίνεσθαι κατὰ τὸ χρεών· διδόναι γὰρ αὐτὰ δίκην καὶ τίσιν ἀλλήλοις τῆς ἀδικίας κατὰ τὴν τοῦ χρόνου τάξιν.

Anaximandro DK B1
tradução de João Constâncio em 'O Dito de Anaximandro', 
in Heidegger, Caminhos da Floresta. Gulbenkian, Lisboa: 2002.


[...] what comes to be
Must go back into non-being
For the sake of the equity, the rhythm
Past measure or comprehending.
[...]

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Pré-Socráticos #2: Os Iónicos - Tales, Anaximandro & Anaxímenes

Segunda sessão do ciclo Tertúlias Pré-Socráticas, promovido pela associação Origem da Comédia. Depois da primeira sessão contextualizadora, David Santos inicia a abordagem aos filósofos propriamente ditos. Tales, tido como o primeiro filósofo e o primeiro cientista, abre as portas a uma tradição de questionamento empírico, que se tornará num dos pilares da escola de Mileto, donde sairão mais tarde Anaximandro e Anaxímenes. Mas, afinal, que podemos afirmar com certeza acerca do pensamento destas três figuras? Sessão decorrida no dia 10 de Março de 2010, no foyer do Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra.