Tibério Júlio Alexandre era um Judeu originário de Alexandria, que terá nascido ca. 15 d.C. O seu pai, Alexandre Lísimaco, era um homem muito importante e influente dentro e fora da sua comunidade: entre outras responsabilidades, foi alabarca de Alexandria e procurador dos bens de Antónia, a mais nova das filhas de Marco António, no Oriente. O tio de Tibério era Fílon de Alexandria, importante escritor judaico, que constitui para nós um exemplo paradigmático da síntese entre a cultura judaica e helenística na Alexandria do primeiro século de Império Romano.
Era difícil Tibério exceder qualquer um destes seus dois familiares. Mas a verdade é que, quando Josefo nos fala de Alexandre, o identifica como sendo o pai de Tibério Júlio Alexandre, o que por si é sinal de que, ainda na Antiguidade, o filho veio a exceder o pai em notoriedade e importância.
E de facto assim foi. Tibério protagonizou uma ascensão meteórica. Depois de ter renunciado à religião dos seus ancestrais, muito provavelmente porque esta o impedia de aceder a cargos públicos na cidade de Alexandria, foi, entre outras coisas, governador da Judeia entre 46 e 48 d.C., governador do Egipto durante o principado de Nero e, mais para o fim da vida, prefeito do Pretório em Roma.
Tibério devia ser também um bom general. A imagem com que ficamos é que ele devia pertencer àquela casta de homens que são capazes de tomar a decisão mais difícil e mais cruel (por vezes até para eles próprios) no mais curto espaço de tempo, quando ela é ainda eficaz. Infelizmente, não raras vezes, para reprimir revoltas entre elementos do seu povo e elementos de outras comunidades teve de recorrer ao derramamento de sangue, por vezes revelando uma mão muito pesada. Este foi o caso em 66, altura em que era governador de Alexandria e do Egipto (o título, salvo erro, englobava esta distinção), e Judeus, Gregos e (muito provavelmente) Egípcios resolveram repetir os eventos da perseguição de 38, mas desta vez estando os Judeus armados, o que não sucedeu em 38. Além disso, Tibério era um governador com características muito diferentes das de Flaco, o governador que em 38 se revelou perfeitamente incapaz de lidar com a situação.
Tibério deu as suas instruções às legiões Romanas. Estas abriram caminho através das ruas do quarteirão Judaico, que estavam apinhadas de gente, e, quando encontraram resistência, reagiram com violência indiscriminada. Josefo avança com um número de cinquenta mil judeus mortos e termina o seu relato com a não muito agradável imagem de cidadãos Alexandrinos a terem de ser arrancados dos cadáveres dos Judeus seus inimigos (BJ 2. 494 - 98). (Digno de uma página da história de Bizâncio!)
Há pelo menos mais um evento tão amargo como este na carreira de Tibério Pode-se até pensar que deve ter sido uma espécie de punição do destino, ou algo assim.
No ano de 70, Tibério desempenhou o cargo de general de Tito. E aconteceu ser ele o general de Tito que comandou a destruição da Hierosolyma, de Jerusalém.
Às vezes divirto-me a imaginar se nesta ocasião Alexandre e Fílon ainda estariam vivos. Se estivessem, teriam uma idade muito avançada (Fílon pelo menos oitenta anos; Alexandre não faço ideia, porque não sei se era o irmão mais velho ou mais novo).
Se Alexandre de facto ainda estivesse vivo, como teria o filho explicado ao pai que, o Templo para cuja construção este contribuíra com tão vastas somas de dinheiro quando era ainda um homem na flor da idade, fora destruído às suas ordens?
Ainda que Josefo nos diga que Tibério votou em conjunto com Tito a favor da preservação do Templo (cf. Bellum Judaicum 6.242), a verdade é que primeiro votou para que este fosse destruído e ele foi de facto arrasado. One of those things, indeed.
Era difícil Tibério exceder qualquer um destes seus dois familiares. Mas a verdade é que, quando Josefo nos fala de Alexandre, o identifica como sendo o pai de Tibério Júlio Alexandre, o que por si é sinal de que, ainda na Antiguidade, o filho veio a exceder o pai em notoriedade e importância.
E de facto assim foi. Tibério protagonizou uma ascensão meteórica. Depois de ter renunciado à religião dos seus ancestrais, muito provavelmente porque esta o impedia de aceder a cargos públicos na cidade de Alexandria, foi, entre outras coisas, governador da Judeia entre 46 e 48 d.C., governador do Egipto durante o principado de Nero e, mais para o fim da vida, prefeito do Pretório em Roma.
Tibério devia ser também um bom general. A imagem com que ficamos é que ele devia pertencer àquela casta de homens que são capazes de tomar a decisão mais difícil e mais cruel (por vezes até para eles próprios) no mais curto espaço de tempo, quando ela é ainda eficaz. Infelizmente, não raras vezes, para reprimir revoltas entre elementos do seu povo e elementos de outras comunidades teve de recorrer ao derramamento de sangue, por vezes revelando uma mão muito pesada. Este foi o caso em 66, altura em que era governador de Alexandria e do Egipto (o título, salvo erro, englobava esta distinção), e Judeus, Gregos e (muito provavelmente) Egípcios resolveram repetir os eventos da perseguição de 38, mas desta vez estando os Judeus armados, o que não sucedeu em 38. Além disso, Tibério era um governador com características muito diferentes das de Flaco, o governador que em 38 se revelou perfeitamente incapaz de lidar com a situação.
Tibério deu as suas instruções às legiões Romanas. Estas abriram caminho através das ruas do quarteirão Judaico, que estavam apinhadas de gente, e, quando encontraram resistência, reagiram com violência indiscriminada. Josefo avança com um número de cinquenta mil judeus mortos e termina o seu relato com a não muito agradável imagem de cidadãos Alexandrinos a terem de ser arrancados dos cadáveres dos Judeus seus inimigos (BJ 2. 494 - 98). (Digno de uma página da história de Bizâncio!)
Há pelo menos mais um evento tão amargo como este na carreira de Tibério Pode-se até pensar que deve ter sido uma espécie de punição do destino, ou algo assim.
No ano de 70, Tibério desempenhou o cargo de general de Tito. E aconteceu ser ele o general de Tito que comandou a destruição da Hierosolyma, de Jerusalém.
Às vezes divirto-me a imaginar se nesta ocasião Alexandre e Fílon ainda estariam vivos. Se estivessem, teriam uma idade muito avançada (Fílon pelo menos oitenta anos; Alexandre não faço ideia, porque não sei se era o irmão mais velho ou mais novo).
Se Alexandre de facto ainda estivesse vivo, como teria o filho explicado ao pai que, o Templo para cuja construção este contribuíra com tão vastas somas de dinheiro quando era ainda um homem na flor da idade, fora destruído às suas ordens?
Ainda que Josefo nos diga que Tibério votou em conjunto com Tito a favor da preservação do Templo (cf. Bellum Judaicum 6.242), a verdade é que primeiro votou para que este fosse destruído e ele foi de facto arrasado. One of those things, indeed.