segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Hino a Afrodite

Alessandro Allori (1535-1607)-'Venus and Cupid' Montpellier-Musée Fabre



Imortal Afrodite do trono variegado,
filha de Zeus, urdidora de enganos, suplico-te:
com sofrimentos e angústias não subjugues,
ó rainha, o meu coração,

mas vem para aqui, se outrora noutras ocasiões
sentiste ao longe a minha voz e me deste
ouvidos; abandonaste de teu pai a casa
dourada e vieste,

depois de atrelares teu carro; puxaram-te belos
e velozes estorninhos por cima da terra negra
com cerrada agitação das asas; trouxeram-te do céu
através do ar

e depressa chegaram. E tu, ó bem-aventurada,
sorrindo em teu rosto imortal
me perguntaste o que de novo eu sofria,
por que de novo te chamava,

e que coisa eu queria que acontecesse
no meu desvairado coração. " Quem de novo devo
convencer a voltar ao teu amor? Quem,
ó Safo, te faz mal?

Pois se foge, rapidamente perseguirá;
se não aceita os presentes, em vez disso os dará;
se não ama, rapidamente amará, mesmo que
ela o não queira."

Vem até mim, agora também! Salva-me da aflitiva
ansiedade; e para mim faz cumprir tudo o que
meu coração deseja ver cumprido; e tu própria
combate ao meu lado!

Safo


Trad. de Frederico Lourenço, in Poesia Grega de Álcman a Teócrito;
Livros Cotovia,Lisboa, 2006

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