César, estás despido e quase desaparecido: que é da tua cólera?
Agora onde param Mário e Fabrício, e o seu ódio ao ouro?
Cadê a morte exemplar e os muy memoráveis feitos de Paulo?
A Filípica voz onde sôa divina a de Cícero ainda?
Ou a paz à cidade e o irado Catão à facção desavinda?
E onde está Régulus e onde está Rómulus e onde está Remus?
Roma antiga suspensa no nome, nomes são tudo o que temos.
Depressa decai a órbita titubeante do Mundo.
Peitos valentes, e corpos potentes ficam pra trás.
Breve tempo floresce, e depressa apodrece a Vaga Ancestral,
Sua glória termina, e tudo o que é deles se esvai.
Bernard de Cluny. De Contemptu Mundi I.947-956. Tradução minha.
Caesar et nudus es et prope nullus es; O ferus ille!
Nunc ubi Marius atque Fabricius, inscius auri?
Mors ubi nobilis et memorabilis actio Pauli?
Diva Philippica vox ubi coelica nunc Ciceronis?
Pax ubi civibus atque rebellibus ira Catonis?
Nunc ubi Regulus aut ubi Romulus aut ubi Remus?
Stat Roma pristina nomine, nomina nuda tenemus.
Quam cito labilis atque volubilis orbita sphaerae;
Corda valentia, corpora fortia praeteriere.
Et breve floruit et cito corruit unda priorum,
Gloria finiit, area transiit omnis eorum.
Está frio no scriptorium, dói-me o polegar. Deixo estas linhas, não sei bem para quem, não sei bem porquê: stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus*.
Umberto Eco. Il Nome della Rosa. Bompiani: 2007.
Fa freddo nello scriptorium, il pollice mi duole. Lascio questa scrittura, non so per chi, non so più intorno a che cosa: stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus.
* a rosa antiga suspensa no nome, nomes são tudo o que temos.
Imagem: Contemplating art under the snow. Fonte.
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