Todos os estudantes terão de ler, obrigatoriamente: A Ilíada e a Odisseia. Aristóteles (que, como dizia Joyce, foi o único que verdadeiramente pensou; os outros, incluindo Kant, limitaram-se a cultivar o mesmo jardim). A Bíblia. O Corão. Os Minima Moralia (Adorno). Os Lusíadas. E mais outras coisas em que vou pensar. [...] Todos terão de estudar Latim (além de Português, Inglês, Espanhol e Francês, pelo menos, claro; talvez Alemão, por causa dos Lieder de Schubert e dos poemas de Goethe e outros que tais) e Matemática do primeiro ao último ano de escolaridade. Todos terão de aprender Música. E História. E Filosofia. E Estética. [...] Uma nota final de esperança, apenas para que não me confundam com o Vasco Pulido Valente [...]: Os putos do meu país têm agora, entre outras coisas boas no meio de tanta desgraça, a Odisseia adaptada por Frederico Lourenço e publicada pelos Livros Cotovia. Podem finalmente descobrir que há vida inteligente depois de "Harry Potter". Deus os abençoe (ao Homero, ao Frederico Lourenço, aos Livros Cotovia e aos putos, claro).
Teresa Pizarro Beleza, 'Os Putos do Meu País — Crónica de uma Mãe Zangada',
MACA (Magazine de Arte de Coimbra & Afins) 09, Abril-Agosto 2010.
MACA (Magazine de Arte de Coimbra & Afins) 09, Abril-Agosto 2010.
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