MHRP: A edição crítica da Pausaniae Graeciae Descriptio, de Pausânias, que fiz para a Biblioteca Teubneriana, a convite da Academia das Ciências de Berlim. Os manuscritos estavam espalhados por toda a Europa. Como, na altura, a saúde da minha mãe não me permitia sair do país, fizeram-me chegar por correio os microfilmes de todos os manuscritos. Ao todo, 26 microfilmes! Até aconteceu uma coisa muito engraçada. Era o tempo da Guerra Fria. Começaram a mandar-me manuscritos de Moscovo e eu fui chamada à Alfândega do Porto. O que era aquilo que eu estava a receber, ainda mais numa língua que ninguém percebia? Fui lá, expliquei o que se passava e apresentei as cartas da Academia das Ciências de Berlim. Disse-lhes: «Estão escritas em alemão. Se quiserem, eu traduzo». De facto, aquilo parecia uma coisa de espionagem. [Risos]
FM: Qualquer dia, o estudo do Grego e do Latim é quase como isso... Espionagem.
MHRP: Até certo ponto, sim. Mas espero que não.
MHRP: Até certo ponto, sim. Mas espero que não.
Maria Helena Rocha Pereira, entrevistada por Filipa Melo
in LER 91 (Maio 2010, mas só agora me chegou às mãos).
in LER 91 (Maio 2010, mas só agora me chegou às mãos).
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