sábado, 29 de maio de 2010

Livros e Cigarros, uma curiosidade*














Numa altura em que toda a gente aponta como nova forma do livro o e-book, a TankBooks resolveu converter livros em maços de cigarros. Depois de se abrir o maço, o livro sai de lá em formato de bolso. Se comprarmos um conjunto de maços, este inclui obras de Conrad, Hemingway, Kipling, Tolstói e Kafka. O slogan da TankBooks para esta sua colecção é: "tales to take your breath away". E a parte engraçada é que houve máquinas de venda de tabaco que foram reabastecidas com livros.

*Este post não tem claramente nada que ver com a Antiguidade Clássica, exceptuando talvez no facto em que serve para dizer que muito têm caminhado os livros desde o rolo de papiro.
Não temos qualquer atestação na época greco-romana da relação entre livros e cigarros (nem o tabaco nem nada que se lhe parecesse, tanto quanto sei, existia) que se tornou famosa entre os leitores sobretudo no séc. XX. Orwell, por exemplo, escreveu um ensaio sobre o assunto, não sei porque é que não consta desta colecção da TankBooks.
Esta editora, que alia um design arrojado à produção dos seus livros, poderia agora elaborar uma colecção de traduções de obras da Antiguidade Clássica feitas classicistas que fossem notoriamente fumadores inveterados. Só para validar o meu post.

3 comentários:

  1. O que se segue ao asterisco mais do que valida o post. O que eu me ri. Agora mais a sério [sic]: se (e isto é um grande 'se') eu seguir cinema, uma das coisas que mais gostava de fazer era uma série à la 'Roma', mas passada na Grécia, a partir do Tucídides (por isso fiquei tão entusiasmado quando me disseste que está para sair a tradução na Gulbenkian). Há uma imagem, porém, que já há muito tenho a certeza de querer incluir (surgiu como epifania): um grande plano do rosto de uma mulher grega a fumar um cigarro na noite, enquanto espera notícias da frente que estão para chegar. Quando ao fundo se avista finalmente um vulto (uma cabeça apenas, como no primeiro verso da Antígona?), ela atira o cigarro ao chão, pisa-o com a sua sandália e corre para o mensageiro. Tenho a cena exactamente montada na minha cabeça, com grande perfeição, ângulos de câmara e número de planos definidos. Meter um livro lá pelo meio vai ser mais complicado, mas vou pensar no assunto (e depois aparece um asterisco na imagem que remete para uma legenda escondida num canto preto do ecrã: 'em homenagem à Tatiana'). Ainda havemos de descobrir que o Arquíloco, no tempo morto entre as batalhas, entretinha-se a ler o seu Homero por entre fumaradas de erva Longbottom.

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  2. Lol, mas é que tem mesmo de ser um cigarro, cachimbo ou outro dispositivo já não tem o mesmo efeito. essa cena é muito à antonioni ;)se estudasses cinema onde seria?

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  3. Desculpa só agora responder. Da única vez que tirei algum tempo do meu dia para ver os curricula das várias escolas de cinema cá em Portugal (confesso que também cusquei umas em Paris, mas depois fiz contas à vida e descartei o sonho), a ESTC aí em Lisboa chamou-me particularmente a atenção, por ser muito prática (o que para um tipo como eu, teórico por educação, é um choque importante), mas também por propocionar, ao longo dos vários anos, múltiplas oportunidades para se frequentar cadeiras de «outras» áreas, como som, montagem e iluminação, fundamentais para o realizador (as duas últimas, então, atraem-me imenso). Mas teria primeiro de firmar a minha vontade de seguir cinema para investigar mais a fundo o assunto. Já agora, estavas a pensar nalgum filme especial do Antonioni?

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