domingo, 30 de janeiro de 2011

Poesia Hebraica §2, ou Leitores Atentos §10

O teu porte semelhante ao da palmeira e os teus seios a cachos de uvas.
Eu disse subirei à palmeira prenderei os ramos sejam agora
os teus seios como cachos
de uvas o aroma do alento de tua boca como aroma
de pomos e o teu palato
vinho excelente que escorra para o meu amor o meu gosto
e faz calar os lábios adormecidos.

"Salomão"-Fiama, Cântico Maior 7.8-10
Assírio & Alvim, Lisboa: 1985.
[a trascrição acima não reproduz a formatação original]

Nunca com os olhos vi outra criatura mortal como tu,
homem ou mulher: é reverência que sinto quando olho para ti.
Outrora vi junto do altar de Apolo em Delos
o novo rebento de uma palmeira que se erguia no ar
(pois aí me dirigira, e comigo seguiam muitos outros,
num caminho em que desgraças seriam o meu destino):
igualmente ao ver a palmeira se me alegrou o coração,
porque nunca vira a sair da terra uma árvore semelhante.
Assim me espanto e me admiro perante ti [...]

"Homero", Odisseia 6.160-168
Cotovia, Lisboa: 2003. (trad.: Frederico Lourenço)

imagem: Salomão Recebendo a Rainha de Sabá, de Rubens
1620, @ Hermitage, São Petersburgo

Sem comentários:

Enviar um comentário