terça-feira, 8 de junho de 2010

Para Maior Gáudio da Tatiana

Para além das duas adaptações de Homero pela Marvel que a Tatiana referiu no post anterior, existe ainda, pela mesma equipa, The Trojan War, em que a guerra de Tróia é apresentada como momento extremo da política malthusiana dos deuses, um estratagema para diminuir o número de seres humanos (pelo menos isto é o que dá para perceber da descrição do produto). O livro é baseado no ciclo épico e noutras fontes antigas (a capa, se repararem bem, representa o combate entre Aquiles e Pentesileia, creio, não narrado na Ilíada, mas que conhecemos pelo poema de Quinto de Esmirna).

Contudo, queria sobretudo chamar a atenção da Tatiana e todos os demais interessados para esta coisinha que ando a namorar já desde o semestre passado (infelizmente o dinheiro não dá para tudo e há outras falhas mais graves no meu conhecimento da nona arte que estou agora ocupado a corrigir, a saber, a série Cerebus de Dave Sim). Trata-se de um projecto ambicioso de Eric Shanower, vencedor de dois Eisners, que pretende congregar, numa única obra, as várias e díspares reescritas maiores da guerra de Tróia e narrativas associadas, sempre com uma atenção cuidada ao fundo arqueológico (com base no trabalho de Schliemann e nos Studia Troica).
Primary sources for Age of Bronze's version of the Trojan War story begin with Homer's Iliad, include major and minor works from classical Greece and Rome, many Medieval European sources, and continue through Shakespeare's Troilus and Cressida and beyond. The art of Age of Bronze draws upon the archaeological excavations of the places where the story took place: Mycenae, Knossos, and Pylos, among others, and especially Troy itself. While everything in Age of Bronze is based on existing sources, whether mythological or archaeological, the final product is a version for the 21st century. All the comedy, all the tragedy, all the wide canvas of human drama of the Trojan War unfolds within the pages of Age of Bronze. Come along for the ride!
(retirado do site oficial)
Nota importante: tanto quanto sei, Shanower ignora, em boa medida, os deuses, menorizando o seu papel na acção. Não é, de forma alguma, uma opção inédita (veja-se, para não irmos mais longe, o Tróia [2004], de Wolfgang Petersen), mas convém que as pessoas estejam avisadas, porque obviamente isso tem muitas implicações no tratamento da estória. Por fim, quem, entre nós, se tem debruçado intensivamente sobre a questão das adaptações para BD de temas clássicos é Nuno Simões Rodrigues, professor da FLUL, que tem publicado abundantemente sobre o tema, em especial no Boletim de Estudos Clássicos. Aos interessados não posso pois deixar de recomendar os seus artigos.

3 comentários:

  1. Não conhecia os artigos de Nuno Simões Rodrigues, mas vou ver. De Nuno Simões Rodrigues só conheço um livro que pesa cinco quilos chamado Iudaei in Urbe. The traitorous Paris, lol, I like it :P Eu já tinha dado com o Trojan War. Os outros dois, já estão a caminho. Estou fascinada. Os desenhos são tão bons.

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  2. João, esses da Guerra de Tróia existem aqui em Coimbra no Dr. Kartoon. Estive por acaso há algumas semanas a folheá-los, e sim, Tatiana, pois são! Hehe

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  3. Por acaso ainda recentemente fui ao Dr. Kartoon, comprar o 'Maus' do Spiegelman para oferecer nos anos ao meu irmão. A ver se passo por lá quando acabar os trabalhos, ou seja, não antes de Agosto (eles perdoam-me). Quanto aos desenhos, confesso que os da Marvel, do que pude ver na net, não me fascinam especialmente, para o meu gosto (excissivamente artificiais, arriscaria dizer: como ver um dos primeiros filmes a technicolor, com as cores ainda estupidamente garridas). Prefiro ainda os do Age of Bronze, apesar do seu traço bastante chão. Tem, para mim, o atractivo de ser a preto e branco e o cuidado com os pormenores arqueológicos, do que consigo ver.

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