οὐδὲ πάθος οὐδὲ ξυμφορὰ θεήλατος,
ἧς οὐκ ἂν ἄραιτ' ἄχθος ἀνθρώπου φύσις.
Não existe nada tão terrível de se dizer,
Nem sofrimento nem desgraça divina,
Cujo peso a natureza humana não aguentaria.
Eurípides, Orestes 1-3
Com estes 3 versos se abre a tragédia de Eurípides Orestes, onde o mesmo, depois de matar a mãe, se encontra no seu leito louco, incapaz de manter mais que alguns instantes de sanidade antes de cair de novo na loucura. Mas não é isso que para a questão interessa. A peça abre com esta afirmação suprema do poder da natureza humana (mais tarde ouviremos ecos em Sartre, na afirmação categórica da capacidade da liberdade humana de tudo construir e destruir). Conta-se que precisamente neste início da peça, quando o actor (é uma fala de Electra, mas lembremo-nos que todos os papéis eram masculinos), quando o actor terminou de articular os versos, Sócrates, o Sócrates, levantou-se do seu assento, e bateu palmas.
Isto é quase uma Ode ao Homem II. Chega a ser paradoxal que comece uma tragédia, ou talvez, pelo contrário, seja esse mesmo «aguentar» exactamente o coração de todas as tragédias. Haja orgulho no ser humano.
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