aqui, com poesia (original e traduzida), prosa e ensaio,
e de onde saiu este poema [link], de Pedro Tiago:
Apoio técnico (considerações de Penélope)
a minha vida doméstica e íntima é parte desta
mitologia do quotidiano; ficar sentada à janela
a comer uma pêra enquanto troveja, e o meu
amante toma banho para ficar sem o meu
cheiro quando vai trabalhar. tenho a Odisseia
de Homero à cabeceira para ter a certeza de
que nunca serei uma poetisa a sério. depois,
coço as pernas. Iguais às da minha mãe, as pernas.
grandes. e as ancas, de mulher inteira,
de bicho parideiro, de besta mitológica que
origina os pecados mas depois se redime, dando
à luz o Salvador do Mundo. o meu amante abre uma
cerveja e fecha a porta atrás de si. troveja e a pêra
acaba-se, sem mitos nenhuns, espero seminua
o Homero na mesa de cabeceira. se Ulisses
me amasse era tudo mais fácil.
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