segunda-feira, 21 de março de 2011

Fatalidade

"Foi o caso que um homenzinho, recém-aparecido na cidade, veio à casa do Meu Amigo, por questão de vida e morte, pedir providências. Meu Amigo sendo de vasto saber e pensar, poeta, professor, ex-sargento de cavalaria e delegado de polícia. Por tudo, talvez, costumava afirmar: _ 'A vida de um ser humano, é impossível. O que vemos, é apenas milagre; salvo melhor raciocínio.'  Meu amigo sendo fatalista.

Na data e hora, estava-se em seu fundo de quintal, exercitando ao alvo, com carabinas e revólveres, revezadamente. Meu Amigo, a bom seguro que, no mundo, ninguém, jamais, atirou quanto ele tão bem -no agudo da pontaria e rapidez em sacar arma; gastava nisso, por dia, caixas de balas. Estava justamente especulando: _ 'Só quem entendia de tudo eram os gregos. A vida tem poucas possibilidades.' Fatalista como uma louça, o Meu Amigo."

ROSA, João Guimarães. Primeiras Estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. p.101.

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