sábado, 31 de dezembro de 2011
A fechar o ano, boas notícias
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Thomas Hobbes, Liberdade, e Tito Lívio
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Do testamento poético de Safo e Alceu
«Um célebre vaso grego conservado em Munique guarda para a posteridade a imagem, gravada por mãos anónimas, dos dois poetas aqui reunidos: Safo e Alceu. De rosto inclinado e uma lira na mão esquerda, parece estar a render homenagem àquela que, num epigrama atribuído a Platão, é considerada a décima musa. A atitude reverente, a tradição recolhida, por Aristóteles na Retórica, e o retrato que de Safo nos legou Alceu têm servido para alimentar a convicção de que este nutriu por aquela um secreto (se não mesmo confessado, mas repudiado) amor. Para ter-se como verdadeira, a suposição carece de melhor prova. Naturais de Lesbos, ilha grega do mar Egeu, famosa a diversos títulos, vivendo nos finais do século VII a.C. e pertencendo ambos a famílias nobres de Mitilene, a capital da ilha, Safo e Alceu são, juntamente com Anacreonte, os representantes, na Grécia Antiga, da chamada lírica monódica, por oposição ao lirismo coral, sobretudo representado por Píndaro.
Relativamente vasta, segundo testemunhos chegados até nós, a obra dos dois poetas só pode hoje ser avaliada através de fragmentos, geralmente de reduzida extensão. Obscuros agentes operaram no texto de ambos, ao longo dos séculos, particularmente no período cristão da literatura grega, mutilações já agora impossíveis de suprir, mau grado as tentativas de restauração (compreensíveis ou louváveis, mas de resultados sempre duvidosos) a que têm sido submetidos alguns dos referidos fragmentos, especialmente de Safo.
O envolvimento e o perfume que de tais fragmentos se desprende são bastante diversos, num e noutro dos poetas. Alceu é o cidadão empenhado nos acontecimentos políticos que agitam a sua época. O seu temperamento arrebatado leva-o a participar activamente nas lutas travadas entre a aristocracia da sua ilha natal e os tiranos impostos pela plebe. Sofreu o exílio, regressou à pátria quando o tirano Pítaco renunciou ao poder, comemorou numa ode (frag. n.º8) a morte do tirano Mírsilo, combateu contra os Atenienses pela posse de Sigeu. Cantou, enfim, o amor e o vinho, «remédio dos males».
É outro o mundo de Safo. « A sua casa», informam J. Hubert e H. Berguin, « era uma espécie de academia para as raparigas; o canto a dança, o manejo da lira, a leitura dos poetas constituíam o programa». E acrescentam: «A inspiração de Safo está concentrada no seu círculo de raparigas e na sua vida íntima. Nenhum eco das lutas políticas». O amor (e suas adjacências: a saudade, o ciúme…) ocupa na poesia de Safo um lugar dominante.
Seja qual for o entendimento que se tenha (Camões: «E entendei que, segundo o amor tiverdes, /Tereis o entendimento de meus versos») da natureza e grau dos afectos por ela manifestados para com as “alunas” da sua academia, não se recusará, em qualquer caso, a límpida frescura, a verdade, a magia, a delicada sensibilidade e a altura de um canto que tem surpreendentemente resistido às erosões mais devastadoras, às tesouras censórias e aos autos-de-fé inquisitoriais.
Os fragmentos que a seguir se apresentam, vertidos do original grego, constituem apenas uma parcela – a mais valiosa, cremos – do que resta do testamento poético de Safo e Alceu. (…)»
ALCEU
12 (357 – LP)
Resplandece de bronze
a mansão. Toda a salafoi por Ares ornada
de cascos refulgentes, dos quais
pendem brancos penachos
de crinas de cavalo – ornamento
de cabeças de guerreiros. À volta,
suspensas em ganchos
que elas ocultam, grevas
brilhantes – defesa
para os duros dardos -, couraças
de linho novo e côncavos
escudos empilhados. Junto
deles, as espadas
de Cálcis e grande
número de cintos e túnicas
de guerra: tudo
o que não pode esquecer-se,
sobretudo quando
a tal empresa nos lançámos.
SAFO
52 (141 L-P)
E então no vaso foi misturada ambrósia.
Hermes pegou numa concha e serviu os deuses.E todos, erguendo as taças,
fizeram uma libação e auguraram
mil felicidades ao noivo.
65 (140 L-P)
- Morreu, ó Citereia,
O terno Adónis. Que faremos?- Batei em vossos peitos, ó donzelas,
Rasgai as vossas túnicas.
Albano Martins na Introdução a O Essencial de Alceu e Safo; Imprensa Nacional - Casa da moeda. Lisboa.
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terça-feira, 27 de dezembro de 2011
A glória na Grécia antiga
In prefácio por António Caeiro às ODES PÍTICAS para os vencedores, de Píndaro.
Forgot the cry of gulls [...] and the profit and loss.
domingo, 25 de dezembro de 2011
Seneca on Christ
Salvador Dalí (1950), La Maddona de Port Lligat (pormenor) |
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Action Philosophers: The Pre-Socratics!
Existência em Parménides e Platão
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
A morte dos primogénitos
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
:
aquele que é integro e livre de crimes
Fusco, fica bem sem dardos ou arcos
mouros, ou aljavas cheias de setas
envenenadas.
quer se lance ao caminho pela Syrte
abafada, ou pelo desolado
Cáucaso ou onde o Jhélo lambe as suas
margens esplêndidas.
é que nos bosques Sabinos quando dei
por mim desarmado a cantar a minha
Lalagê sem preocupações, fugiu
de mim um lobo
perturbador, duma espécie que penso
nem os carvalhos apúlios geram
nem nutre a terra de Juba, árida
ama de leões.
manda-me pra campos desertos onde
o verão não revigora árvores,
para as partes da terra onde o mau tempo
jamais acalma.
manda-me mesmo até junto ao declive
do sol, donde a terra repulsa. e lá
amarei Lalagê, de doce sorrir,
de doce falar.
Horácio. 1.XXII. Tradução minha.
Integer vitae scelerisque purus
non eget Mauris jaculis neque arcu
nec venenatis gravida sagittis,
Fusce, pharetra,
sive per Syrtis iter aestuosa
sive facturus per inhospitalem
Caucasum vel quae loca fabulosus
lambit Hydaspes.
Namque me silva lupus in Sabina,
dum meam canto Lalagem et ultra
terminum curis vagor expeditis,
fugit inermem,
quale portentum neque militaris
Daunias latis alit aesculetis
nec Jubae tellus generat, leonum
arida nutrix.
Pone me pigris ubi nulla campis
arbor aestiva recreatur aura,
quod latus mundi nebulae malusque
Juppiter urget;
pone sub curru nimium propinqui
solis in terra domibus negata:
dulce ridentem Lalagen amabo,
dulce loquentem.