Sempre disse aos meus alunos. "Não se negoceiam as nossas paixões. As coisas que vou tentar apresentar-vos são coisas de que gosto muito. Não posso justificá-las." Se sou arqueólogo e são os potes de quarto chineses do século VIII que constituem a minha vida, não posso justificá-lo. A pior coisa é tentar uma dialéctica da desculpa, da apologética, o que eu censuro ao ensino actual, e de que você [Cécile Ladjali] parece ser uma belíssima excepção; é a apologética de ter vergonha das paixões. Se o estudante sente que somos um pouco loucos, é já um primeiro passo. Não vai estar de acordo, talvez se ria, mas ouvirá. É nesse momento milagroso que o diálogo começa a estabelecer-se como paixão. Convém nunca tentarmos justificar-nos.
George Steiner, in Elogio da Transmissão - George Steiner e Cécile Ladjali. Carlos Aboim de Brito (trad.) Dom Quixote. (2004)
na imagem: Cécile Ladjali
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