domingo, 4 de março de 2012

Cântico da Pérola II

continuação desta sequência.


cheguei vindo da Anatólia
depois de percorrer um caminho difícil e assustador com dois guias.
nunca antes tinha viajado.
depois de atravessar as fronteiras de Maishan,
onde há uma pousada para os mercadores da Anatólia
cheguei à terra da Babilónia.
quando cheguei ao Egipto,
os dois guias que me acompanhavam
partiram.

pus-me a caminho em direcção à serpente pelo caminho mais veloz,
detive-me ante o covil dela
à espera
que quando a noite chegasse
e ela adormecesse
eu lhe pudesse tirar a Pérola.

estava sozinho,
e era evidente a todos os que se cruzassem comigo que eu era um estrangeiro.
vi um parente meu da Anatólia,
um jovem livre, gracioso e pujante –
um filho de reis.
achegou-se a mim e tive-o como companheiro
e como amigo,
fi-lo meu parceiro na minha viagem.
persuadi-o a evitar os Egípcios,
e a desprezar os seus costumes impuros.
vesti roupas dele para que não reparassem que eu era estrangeiro,
alguém vindo de fora para levar comigo
a Pérola;
temia que os Egípcios despertassem a serpente
e a incitassem contra mim.

não sei de que modo descobriram que eu não era da terra deles.
misturaram insídias com a sua arte
e fizeram- me provar a comida deles:
esqueci-me que era filho de um rei,
tornei-me um servo do rei deles.
esqueci-me também da Pérola
pela qual os meus pais me tinham enviado.
com o peso da comida deles
caí num sono profundo.


ἠρχόμην δὲ ἐξ Ἀνατολῆς ἐφ' ὁδὸν δυσχερῆ τε καὶ φοβερὰν μεθ' ἡγεμόνων δύο. ἄπειρος δὲ ἤμην τοῦ ταύτην ὁδεῦσαι. παρελθὼν δὲ καὶ τὰ τῶν Μοσάνων μεθόρια ἔνθα ἐστὶν τὸ καταγώγιον τῶν ἀνατολικῶν ἐμπόρων ἀφικόμην εἰς τὴν τῶν Βαβυλωνίων χώραν. εἰσελθόντος δέ μου εἰς Αἴγυπτον ἀπέστησαν οἱ συνο- δεύσαντές μοι ἡγεμόνες· ὥρμων δὲ ἐπὶ τὸν δράκοντα τὴν ταχίστην καὶ περὶ τὸν τούτου φωλεὸν κατέλυον ἐπιτηρῶν νυστάξαι καὶ κοιμηθῆναι τοῦτον ὅπως μου τὸν μαργαρίτην ὑφέλωμαι. μόνος δὲ ὢν ἐξενιζόμην τὸ σχῆμα καὶ τοῖς ἐμοῖς ἀλλότριος ἐφαινόμην. ἐκεῖ δὲ εἶδον ἐμὸν συγγενῆ τὸν ἐξ Ἀνατολῆς τὸν ἐλεύθερον παῖδα εὐχαρῆ καὶ ὡραῖον υἱὸν μεγιστάνων· οὗτός μοι προσελθὼν συγγέγονεν καὶ συνόμιλον αὐτὸν ἔσχον καὶ φίλον καὶ κοινωνὸν τῆς ἐμῆς πορείας ποιησάμενος. παρεκελευσάμην δὲ αὐτῷ τοὺς Αἰγυπτίους φυλάσσεσθαι καὶ τῶν ἀκαθάρτων τούτων τὴν κοινωνίαν. ἐνεδυσάμην δὲ αὐτῶν τὰ φορήματα ἵνα μὴ ξενίζωμαι ὥσπερ ἔξωθεν ἐπὶ τὴν τοῦ μαργαρίτου ἀνάληψιν καὶ τὸν δράκοντα διυπνίσωσιν κατ' ἐμοῦ οἱ Αἰγύπτιοι. οὐκ οἶδα δὲ ἐξ οἵας ἔμαθον προφάσεως ὡς οὐκ εἰμὶ τῆς χώρας αὐτῶν· δόλῳ δὲ συνέμειξάν μοι τέχνην καὶ ἐγευσάμην τῆς αὐτῶν τροφῆς. ἠγνόησα ἐμαυτὸν υἱὸν ὄντα βασιλέως· τῷ δὲ αὐτῶν ἐδούλευσα βασιλεῖ. ἦλθον δὲ καὶ ἐπὶ τὸν μαργαρίτην ἐφ' ὃν οἱ πατέρες μου ἀπεστάλκασίν με· τῷ δὲ τῆς τροφῆς αὐτῶν βάρει εἰς ὕπνον κατηνέχθην βαθύν.

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