A Accademia Vivarium Novum abre as inscrições para as Escolas de Verão de Latim. Os cursos existem em três modalidades, destinados a três públicos diversos;
sábado, 31 de março de 2012
Accademia Vivarium Novum - Escolas de Verão
A Accademia Vivarium Novum abre as inscrições para as Escolas de Verão de Latim. Os cursos existem em três modalidades, destinados a três públicos diversos;
sexta-feira, 30 de março de 2012
A Natureza dos Athenienses
quarta-feira, 28 de março de 2012
Mau Negócio
domingo, 25 de março de 2012
Imperfection? I'm in!
quinta-feira, 22 de março de 2012
em Hydra: a realidade divina de Sophia
Quando na manhã de Junho o navio ancorou em Hydra
(E foi pelo som do cabo a descer que eu soube que ancorava)
Saí da cabine e debrucei-me ávida
Sobre o rosto do real - mais preciso e mais novo do que o imaginado
Ante a meticulosa limpidez dessa manhã num porto
Ante a meticulosa limpidez dessa manhã num porto de uma ilha grega
Murmurei o teu nome
O teu ambíguo nome
Invoquei a tua sombra transparente e solene
Como esguia mastreação de veleiro
E acreditei firmemente que tu vias a manhã
Porque a tua alma foi visual até aos ossos
Impessoal até aos ossos
Segundo a lei de máscara do teu nome
Odysseus - Persona
Pois de ilha em ilha todo te percorreste
Desde a praia onde se erguia uma palmeira chamada Nausikaa
Até as rochas negras onde reina o cantar estridente das sereias
O casario de Hydra vê-se nas águas
A tua ausência emerge de repente a meu lado no deck deste barco
E vem comigo pelas ruas onde procuro alguém
Imagino que viajasses neste barco
Alheio ao rumor secundário dos turistas
Atento a rápida alegria dos golfinhos
Por entre o desdobrado azul dos arquipélagos
Estendido à popa sob o voo incrível
Das gaivotas de que o sol espalha impetuosas pétalas
Nas ruínas de Epheso na avenida que desce até onde esteve o mar
Ele estava à esquerda entre colunas imperiais quebradas
Disse-me que tinha conhecido todos os deuses
E que tinha corrido as sete partidas
O seu rosto era belo e gasto como o rosto de uma estátua roída pelo mar
Odysseus
Mesmo que me prometas a imortalidade voltarei para casa
Onde estão as coisas que plantei e fiz crescer
Onde estão as paredes que pintei de branco
Há na manhã de Hydra uma claridade que é tua
Há nas coisas de Hydra uma concisão visual que é tua
Há nas coisas de Hydra a nitidez que penetra aquilo que é olhado por um deus
Aquilo que o olhar de um deus tornou impetuosamente presente -
Na manhã de Hydra
No café da praça em frente ao cais vi sobre as mesas
Uma disponibilidade transparente e nua
Que te pertence
O teu destino deveria ter passado neste porto
Onde tudo se torna impessoal e livre
Onde tudo é divino como convém ao real
Hydra, Julho de 1970
Sophia de Mello Breyner in Cem poemas de Sophia, Editorial Caminho, Colecção Visão 2004.
quarta-feira, 21 de março de 2012
o Tempo, disse Austerlitz, é de longe a mais artificial de todas as nossas criações
Houve uma altura em que o dia era, junto dos povos Itálicos, a mais curta divisão do tempo, e o mês a mais longa. Apenas mais tarde se começou a dividir o dia e a noite, cada um deles em quatro partes, e ainda se tardou mais a aplicar a divisão das horas. Isto vai de encontro ao facto que no estabelecimento do princípio do dia há tribos consanguíneas que utilizam sistemas diversos, e ademais os Romanos iniciavam-no com a meia-noite, os Sabéllios e os Etruscos com o meio-dia.
Time, said Austerlitz in the observation room in Greenwich, was by far the most artificial of all our inventions, and in being bound to the planets turning on their own axis was no less arbitrary than would be, say, a calculation based on the growth of trees or on the length of time it takes a piece of limestone to disintegrate, quite apart from the fact that the solar day which we take as our guideline does not provide any precise measurement, so that in order to reckon time we have to devise an imaginary, average sun which has an invariable speed of movement and does not incline towards the equator in its orbit. If Newton thought, said Austerlitz, pointing through the window and down to the curve of the water around the Isle of Dogs as it slipped by in the last of the daylight, if Newton really thought that time was a river like the Thames, then where is its source and into what sea does it finally flow? Every river, as we know, must have banks on both sides, so where, seen in those terms, where are the banks of time? What would be this river's qualities, qualities perhaps corresponding to those of water, which is fluid, rather heavy, and translucent? In what ways do objects immersed in time differ from those left untouched by it? Why do we show the hours of light and darkness in the same circle? Why does time stand eternally still and motionless in one place, and rush headlong by in another? Could we not claim, said Austerlitz, that time itself has been non-concurrent over the centuries and the millennia? It is not so long ago, after all, that it began spreading out over everything. And is not human life in many parts of the earth governed to this day less by time than by weather, and thus by an unquantifiable dimension which disregards linear regularity, does not progress constantly forward but moves in eddies, is marked by episodes of congestion and irruption, recurs in ever-changing form, and evolves in no one knows what direction? Even in a metropolis ruled by time like London, said Austerlitz, it is still possible to be outside time, a state of affairs which until recently was almost as common in backward and forgotten areas of our own country as it used to be in the undiscovered continents overseas. The dead are outside time, the dying and all the sick at home or in hospitals, and they are not the only ones, a certain degree of personal misfortune is enough to cut off from the past and the future. In fact, said Austerlitz, I have never owned a clock of any kind, a bedside alarm or a pocket watch, let alone a wristwatch. A clock has always struck me as something ridiculous, a thoroughly mendacious object, perhaps because I have always resisted the power of time out of some internal compulsion which I myself have never understood, cutting myself off from so-called current events in the hope, as I now think, said Austerlitz, that time will not pass away, has not passed away, that I can turn back after it, and when I arrive I shall find everything as it once was, or more precisely I shall find that all moments of time have co-existed simultaneously, in which case none of what history tells us would be true, past events have not yet occurred but are waiting to do so at the moment when we think of them, although that, of course, opens up the bleak prospect of everlasting misery and never-ending anguish.
terça-feira, 20 de março de 2012
sob o olhar de deuses sem vergonha
Minotauromaquia, Picasso, 1935 |
Em Creta com o Minotauro
I
Nascido em Portugal, de pais portugueses,
e pai de brasileiros no Brasil,
serei talvez norte-americano quando lá estiver.
Coleccionarei nacionalidades como camisas se despem,
se usam e se deitam fora, com todo o respeito
necessário à roupa que se veste e que prestou serviço.
Eu sou eu mesmo a minha pátria.
A pátria de que escrevo é a língua em que por acaso de gerações
nasci. E a do que faço e de que vivo é esta
raiva que tenho de pouca humanidade neste mundo
quando não acredito em outro, e só outro quereria que
este mesmo fosse.
Mas, se um dia me esquecer de tudo, espero envelhecer
tomando café em Creta com o Minotauro,
sob o olhar de deuses sem vergonha.
II
O Minotauro compreender-me-á.
Tem cornos, como os sábios e os inimigos da vida.
É metade boi e metade homem, como todos os homens.
Violava e devorava virgens, como todas as bestas.
Filho de Pasifaë, foi irmão de um verso de Racine,
que Valéry, o cretino, achava um dos mais belos da "langue".
Irmão também de Ariadne, embrulharam-no num novelo de que se lixou.
Teseu, o herói, e, como todos os gregos heróicos, um filho da puta,
riu-lhe no focinho respeitável.
O Minotauro compreender-me-á, tomará café comigo, enquanto
o sol serenamente desce sobre o mar, e as sombras,
cheias de ninfas e de efebos desempregados,
se cerrarão dulcíssimas nas chávenas,
como o açúcar que mexeremos com o dedo sujo
de investigar as origens da vida.
III
É aí que eu quero reencontrar-me de ter deixado
a vida pelo mundo em pedaços repartida, como dizia
aquele pobre diabo que o Minotauro não leu, porque,
como toda a gente, não sabe português.
Também eu não sei grego, segundo as mais seguras informações.
Conversaremos em volapuque, já
que nenhum de nós o sabe. O Minotauro
não falava grego, não era grego, viveu antes da Grécia,
de toda esta merda douta que nos cobre há séculos,
cagada pelos nossos escravos, ou por nós quando somos
os escravos de outros. Ao café,
diremos um ao outro as nossas mágoas.
IV
Com pátrias nos compram e nos vendem,
à falta de pátrias que se vendam suficientemente caras para haver vergonha
de não pertencer a elas. Nem eu, nem o Minotauro, teremos nenhuma pátria.
Apenas o café,
aromático e bem forte, não da Arábia ou do Brasil,
da Fedecam, ou de Angola, ou parte alguma. Mas café
contudo e que eu, com filial ternura, verei escorrer-lhe do queixo de boi
até aos joelhos de homem que não sabe
de quem herdou, se do pai, se da mãe, os cornos retorcidos que lhe ornam a
nobre fronte anterior a Atenas, e, quem sabe,
à Palestina, e outros lugares turísticos,
imensamente patrióticos.
V
Em Creta, com o Minotauro,
sem versos e sem vida,
sem pátrias e sem espírito,
sem nada, nem ninguém,
que não o dedo sujo,
hei-de tomar em paz o meu café.
Jorge de Sena, Antologia Poética, Guimarães Editores 2010.
Hino a Eros
Éros, que sobre a abundân
cia te lanças —
Que guardas de noite à rapari
ga as suas feições suaves —
Lanças-te para lá do mar
e das searas —
Nenhum dos imortais
te escapa e nenhum
dos efémeros mor
tais — Quem te tem
desvaria.
Tu esquartejas o juízo
dos justos até à in
justiça — E agora conjuras esta dis
córdia entre familiares perplexos —
O desejo fulgurante triunfa
nas feições da noiva
abençoada, tão poderoso
quanto as maiores
das leis — Invencível tró
ça de nós Aphrodita.
Sóphocles. Antígona. 781-801. Tradução minha.
Ἔρως ἀνίκατε μάχαν,
Ἔρως, ὃς ἐν κτήμασι πίπ-
τεις, ὃς ἐν μαλακαῖς παρει-
αῖς νεάνιδος ἐννυχεύεις,
φοιτᾷς δ' ὑπερπόντιος ἔν τ'
ἀγρονόμοις αὐλαῖς·
καί σ' οὔτ' ἀθανάτων
φύξιμος οὐδεὶς οὔθ'
ἁμερίων ἐπ' ἀνθρώ-
πων, ὁ δ' ἔχων μέμηνεν.
Σὺ καὶ δικαίων ἀδίκους
φρένας παρασπᾷς ἐπὶ λώ-
βᾳ· σὺ καὶ τόδε νεῖκος ἀν-
δρῶν ξύναιμον ἔχεις ταράξας·
νικᾷ δ' ἐναργὴς βλεφάρων
ἵμερος εὐλέκτρου
νύμφας, τῶν μεγάλων
πάρεδρος ἐν ἀρχαῖς θες-
μῶν· ἄμαχος γὰρ ἐμπαί-
ζει θεὸς Ἀφροδίτα.
segunda-feira, 19 de março de 2012
domingo, 18 de março de 2012
Leitores Atentos §15, ou Se
Burne-Jones, A Roda da Fortuna (1863) |
Digo-vos: este desceu para sua casa justificado*, ao contrário daquele, pois todo o que se eleva será abaixado, e o que se abaixa será elevado.
Memórias de Roma §2
sexta-feira, 16 de março de 2012
Simbelmynë, ou No Parent Should Have To Bury Their Child
E conta também Dioscórides, nos Memoráveis, que quando Sólon chorou o filho que lhe havia morrido ([notícia] que não nos chegou [de outras fontes]), a um que lhe dizia: "Mas nada conseguirás [com isso] [i.e.: chorar não fará o teu filho regressar dos mortos: nada podes fazer]", respondeu: "Por isso mesmo choro: porque nada posso*".
Música Popular Latina
Singularidades do Direito Ibero
Guerreiro de Mogente (circa 400 a.C.) |
quinta-feira, 15 de março de 2012
Memórias de Roma §1
Salvador Dalí, Academia Neo-Cubista: Composição Com 3 Figuras (1926) @ Museu de Monserrat visto no Complesso del Vittoriano, Roma, na mostra Dalí: un artista, un genio. |
Annibale Carraci, A Escolha de Héracles (1596) @ Galeria Capodimonte, Nápoles. |
terça-feira, 13 de março de 2012
Os primeiros frutos
sábado, 10 de março de 2012
Numa mão sempre a espada e noutra a pena
Disse tudo isso e desci do balcão. Todos laudaram o que eu disse, ninguém se opôs; e eu não me limitei a falar, sem depois propor a moção; nem me limitei a propor a moção, sem depois me oferecer para ir eu mesmo enquanto embaixador aos Thebanos; nem me limitei a servir de embaixador, sem que depois fosse capaz de os persuadir. Estive presente do princípio até ao fim, e ofereci-me sempre sem hesitações para encarar de frente os perigos que ameaçavam a cidade.
sexta-feira, 9 de março de 2012
Amor est magister artium et gubernator
Tudo é presença aqui, e o tempo é dia.
e é dor o amor enquanto espera,
imagina o desejo de repente
e lentamente olha o olhar do Outro.
Conhecer é amar, disse o divino
Platão ou outro filósofo antigo.
Porém como traçar na sombra
da persiana de luz o esboço
do teu rosto escasso ausente,
se no diurno amor a memória
o faz mais esquecer-se?
que abre sem palavras a corola,
eu comparo-a com o amor que eclode
na pupila do olhar em luz e sombra.
Todo o ventre é bendito, tanto
mais o da primavera do cio
de aves e flores. Também o desejo
imaginou a língua sem palavras,
e que é a do som do Canto e dos poemas.
e num e noutro, como o pão partido
no banquete dos convivas silenciosos
que é o de cada um consigo e os outros.
Nenhuma coisa ausente o partilha,
quando as estações do tempo passam
por nós depois da Primavera e param
na longa mesa posta para o Verão.
Tudo é presença aqui, e o tempo é dia.
quinta-feira, 8 de março de 2012
the sweet power of musicke
* Género de música bélica.
The man that hath no musicke in himselfe,
Nor is not moued with concord of sweet sounds,
Is fit for treasons, stratagems, and spoyles,
The motions of his spirit are dull as night,
And his affections darke as Erobus,
Let no such man be trusted: marke the musicke.
Shakespeare. The Merchant of Venice. V.1 83-88
(com um obrigado à Joana)
quarta-feira, 7 de março de 2012
A Grécia numa linha
πέμπε δέ μ' ἐς Τροίην, καί μοι μάλα πόλλ' ἐπέτελλεν
αἰὲν ἀριστεύειν καὶ ὑπείροχον ἔμμεναι ἄλλων,
μηδὲ γένος πατέρων αἰσχυνέμεν, οἳ μέγ' ἄριστοι
ἔν τ' Ἐφύρῃ ἐγένοντο καὶ ἐν Λυκίῃ εὐρείῃ.
ταύτης τοι γενεῆς τε καὶ αἵματος εὔχομαι εἶναι.
terça-feira, 6 de março de 2012
Uma estrada bizantina
Curso Livre: Textos e Mitos da Antiguidade Clássica
domingo, 4 de março de 2012
Miller em Cnossos
«Cnossos sugere, em todas as suas manifestações, o esplendor, a sanidade e a opulência de um povo poderoso e pacífico. É alegre – alegre, sadia, limpa, salubre. O homem comum desempenhava, evidentemente, um papel importante. Tem-se afirmado que, durante a longa história de Cnossos, foram lá testadas todas as formas de governo conhecidas do homem. Em vários aspectos está muito mais próxima em espírito dos tempos modernos, do século XX, poder-se-ia dizer, do que épocas posteriores do mundo helénico. Sente-se a influência do Egipto, a proximidade humana e despretensiosa do mundo etrusco, a sabedoria do espírito comunitário de organização dos incas. Não tenho a pretensão de saber, mas senti, como raramente me aconteceu perante as ruínas do passado, que a paz terá aqui reinado, ao longo de muitos séculos. Cnossos tem um certo espírito prático, o tipo de atmosfera evocado quando se diz “chinês” ou “francês”. O aspecto religioso parece misericordiosamente esbatido. As mulheres desempenhavam um papel de igual importância nos assuntos deste povo, e o espírito lúdico é marcadamente manifesto. Em suma, o tom prevalecente é a alegria. Sente-se que o homem vivia para viver, que não era atormentado por pensamentos de uma vida além da morte, que não era oprimido nem restringido por uma reverência desmesurada perante os espíritos ancestrais, que era religioso da única maneira que se adequa ao homem, tirando o melhor partido de tudo o que vem à mão, extraindo o máximo da vida, de cada minuto que passava. Cnossos era mundana no melhor sentido da palavra. A civilização de que era epítome ruiu mil e quinhentos anos antes da chegada do Salvador, mas deixou ao mundo ocidental um legado único, o maior legado conhecido do homem: o alfabeto. Noutra parte da ilha, em Gortina esta descoberta foi imortalizada em enormes blocos de pedra que percorrem o campo como uma muralha da China em miniatura. Actualmente, o alfabeto já não tem magia: é uma forma morta de exprimir pensamentos mortos.»
Henry Miller n' O Colosso de Maroussi ; Trad.: Raquel Mouta, Tinta-da-China, 2011
Cântico da Pérola II
cheguei vindo da Anatólia
depois de percorrer um caminho difícil e assustador com dois guias.
nunca antes tinha viajado.
depois de atravessar as fronteiras de Maishan,
onde há uma pousada para os mercadores da Anatólia
cheguei à terra da Babilónia.
quando cheguei ao Egipto,
os dois guias que me acompanhavam
partiram.
pus-me a caminho em direcção à serpente pelo caminho mais veloz,
detive-me ante o covil dela
à espera
que quando a noite chegasse
e ela adormecesse
eu lhe pudesse tirar a Pérola.
estava sozinho,
e era evidente a todos os que se cruzassem comigo que eu era um estrangeiro.
vi um parente meu da Anatólia,
um jovem livre, gracioso e pujante –
um filho de reis.
achegou-se a mim e tive-o como companheiro
e como amigo,
fi-lo meu parceiro na minha viagem.
persuadi-o a evitar os Egípcios,
e a desprezar os seus costumes impuros.
vesti roupas dele para que não reparassem que eu era estrangeiro,
alguém vindo de fora para levar comigo
a Pérola;
temia que os Egípcios despertassem a serpente
e a incitassem contra mim.
não sei de que modo descobriram que eu não era da terra deles.
misturaram insídias com a sua arte
e fizeram- me provar a comida deles:
esqueci-me que era filho de um rei,
tornei-me um servo do rei deles.
esqueci-me também da Pérola
pela qual os meus pais me tinham enviado.
com o peso da comida deles
caí num sono profundo.
sábado, 3 de março de 2012
um poema de Sólon
será que parei antes de o alcançar?
se eu tiver agido com justiça, a minha testemunha
será um dia a mãe de todos os deuses Olýmpicos,
a poderosa Terra Negra, da qual eu
arranquei os marcos espalhados por todo o lado
que a escravizavam – agora ela é livre.
reconduzi para a nossa pátria filha de deuses, para Athenas,
muitos dos que tinham sido vendidos, alguns deles injustamente
outros justamente, outros ainda forçados
a fugir a dívidas, e que já nem falavam a língua
áttica, de tal modo por todo o lado os escorraçavam-
e ainda aqueles que aqui serviam
desonradamente, com pavor dos caprichos dos amos –
tornei-os Livres. com o meu poder
entreteci a justiça com a força da lei,
e tudo cumpri como me propusera -
escrevi leis iguais para o bom e para o vilão
fazendo com que para cada um a justiça fosse
recta. se tivesse sido outro que não eu a pegar no aguilhão,
um homem de má índole, dos que amam honrarias,
não teria sido capaz de conter o povo. se eu tivesse feito
aquilo que aprazia aos meus adversários,
ou ainda aquilo que todos me aconselhavam,
esta cidade teria sido privada de muitos homens;
foi por isso que montei à minha volta defesas
como um lobo que se revira numa matilha de cadelas.
Sólon. Fr. 36. Tradução minha.
Ἐγὼ δὲ τῶν μὲν οὕνεκα ξυνήγαγον
δῆμον, τί τούτων πρὶν τυχεῖν ἐπαυσάμην;
συμμαρτυροίη ταῦτ᾽ ἂν ἐν δίκῃ χρόνου
μήτηρ μεγίστη δαιμόνων Ὀλυμπίων
ἄριστα, γῆ μέλαινα, τῆς ἐγώ ποτε
ὅρους ἀνεῖλον πολλαχῇ πεπηγότας,
πρόσθεν δὲ δουλεύουσα, νῦν ἐλευθέρα.
πολλοὺς δ᾽ Ἀθήνας πατρίδ᾽ εἰς θεόκτιτον
ἀνήγαγον πραθέντας, ἄλλον ἐκδίκως,
ἄλλον δικαίως, τοὺς δ᾽ ἀναγκαίης ὕπο
χρειοῦς φυγόντας, γλῶσσαν οὐκέτ᾽ Ἀττικὴν
ἱέντας ὡς ἂν πολλαχῇ πλανωμένους,
τοὺς δ᾽ ἐνθάδ᾽ αὐτοῦ δουλίην ἀεικέα
ἔχοντας, ἤδη δεσποτῶν τρομευμένους,
ἐλευθέρους ἔθηκα. ταῦτα μὲν κράτει
νομοῦ βίαν τε καὶ δίκην συναρμόσας
ἔρεξα, καὶ διῆλθον ὡς ὑπεσχόμην.
θεσμοὺς δ᾽ ὁμοίως τῷ κακῷ τε κἀγαθῷ
εὐθεῖαν εἰς ἕκαστον ἁρμόσας δίκην
ἔγραψα. κέντρον δ᾽ ἄλλος ὡς ἐγὼ λαβών,
κακοφραδής τε καὶ φιλοκτήμων ἀνήρ,
οὐκ ἂν κατέσχε δῆμον, εἰ γὰρ ἤθελον
ἃ τοῖς ἐναντίοισιν ἥνδανεν τότε,
αὖθις δ᾽ ἃ τοῖσιν οὕτεροι φρασαίατο,
πολλῶν ἂν ἀνδρῶν ἥδ᾽ ἐχηρώθη πόλις.
τῶν οὕνεκ᾽ ἀλκὴν πάντοθεν κυκεύμενος
ὡς ἐν κυσὶν πολλῇσιν ἐστράφην λύκος.
quinta-feira, 1 de março de 2012
Theodor Mommsen Wants to Know Where you at
Classica Digitalia - Edição Especial
1. História, cultura e literatura gregas
- Pulquério, Manuel de Oliveira, Problemática da tragédia sofocliana (Coimbra, 21987). 153 p.
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- Ferreira, José Ribeiro, Da Atenas do séc. VII a.C. às reformas de Sólon (Coimbra 1988). 125 p.
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- Ferreira, José Ribeiro, Participação e poder na democracia grega (Coimbra, 1990). 155 p.
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- Morais, Carlos, Expectativa e movimento no Filoctetes (Coimbra, 1991). 176 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Oliveira, Francisco de, & Silva, Maria de Fátima Sousa, O teatro de Aristófanes Coimbra, 1991). 249 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Fialho, Maria do Céu G. Z., Luz e trevas no teatro de Sófocles (Coimbra, 1992). 230 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Soares, Carmen Isabel Leal, O discurso do extracénico. Quadros de guerra em Eurípides (Coimbra e Lisboa, 1999). 127 p.
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- Ferreira, José Ribeiro (coord.), Plutarco, educador da Europa (Porto e Coimbra, 2002). 377 p.
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PVP: 15 €
- Ferreira, José Ribeiro & Leão, Delfim Ferreira, Os fragmentos de Plutarco e a recepção da sua obra (Coimbra, 2003). 264 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
PVP: 15 €
2. História, cultura e literatura latinas
- Oliveira, Francisco de, Les idées politiques et morales de Pline l'Ancien (Coimbra, 1992). 438 p.
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- Leão, Delfim Ferreira, As ironias da Fortuna. Sátira e moralidade no Satyricon de Petrónio (Coimbra e Lisboa, 1998). 162 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Brandão, José Luís Lopes, Da quod amem. Amor e amargor na poesia de Marcial (Coimbra e Lisboa, 1998). 158 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Ferreira, Paulo Sérgio, Os elementos paródicos no Satyricon de Petrónio e o seu significado (Coimbra e Lisboa, 2000). 163 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Gonçalves, Carla Susana Vieira, Invectiva na tragédia de Séneca (Coimbra e Lisboa, 2003). 171 p.
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- Brandão, José Luís, Pimentel, Cristina & Leão, Delfim F., Toto notus in orbe Martialis. Celebração de Marcial 1900 anos após a sua morte (Coimbra e Lisboa, 2004). 327 p.
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3. Estudos medievais e renascentistas
- Osório, Jorge Alves: A Oração sobre a Fama da Universidade (1548). Prefácio, introdução, tradução e notas (Coimbra, 1967). 193 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Silva, Maria Margarida B. G. & Ramalho, Américo da Costa, Cataldo Parísio Sículo. Duas orações (Coimbra, 1974). 151 p.
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- Vieira, Dulce da Cruz & Ramalho, Américo da Costa, Cataldo Parísio Sículo. Martinho, Verdadeiro Salomão (Coimbra, 1974). 161 p.
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- Ramalho, Américo da Costa, Estudos camonianos (Coimbra, 1975). 155 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Matos, Albino de Almeida, A oração de sapiência de Hilário Moreira (Coimbra, 1990). 129 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Santoro, Mario, Amato Lusitano ed Ancona (Coimbra, 1991). 203 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Pereira, Belmiro Fernandes, As orações de obediência de Aquiles Estaço (Coimbra, 1991). 181 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- André, Carlos Ascenso, Um judeu no desterro. Diogo Pires e a memória de Portugal (Coimbra, 1992). 197 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Pinho, Sebastião Tavares & Ferreira, Luísa de Nazaré (Coords.), Anchieta em Coimbra – Colégio das Artes da Universidade. Vol. I (1548-1998) (Porto, 2000). 461 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Pinho, Sebastião Tavares & Ferreira, Luísa de Nazaré (Coords.), Anchieta em Coimbra – Colégio das Artes da Universidade. Vol. II (1548-1998) (Porto, 2000). 452 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Pinho, Sebastião Tavares & Ferreira, Luísa de Nazaré (Coords.), Anchieta em Coimbra – Colégio das Artes da Universidade. Vol. III (1548-1998) (Porto, 2000). 446 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
-Dias, Paula Cristina Barata, Regula Monastica Communis ou Exhortatio ad Monachos? (Séc. VII, Explicit). Problemática, tradução e comentário (Coimbra e Lisboa, 2001). 188 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Urbano, Carlota Miranda, A oração de sapiência do Pe. Francisco Machado SJ (Coimbra – 1629). Estudo, tradução e comentário (Coimbra e Lisboa, 2001). 202 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/
- Marques, Susana, Dois epitalâmios de Manuel da Costa (séc. XVI). Introdução, tradução, notas e comentário (Coimbra e Lisboa, 2005). 146 p.
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4. Estudo e ensino das línguas clássicas
- Fonseca, Carlos Alberto Louro, Iniciação ao grego (Coimbra, 21987). 282 p.
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- Fonseca, Carlos Alberto Louro, Sic itur in Vrbem. Iniciação ao Latim (Coimbra, 72000). 412 p.
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PVP: 15 €
- Actas do Congresso. As Línguas Clássicas, Investigação e Ensino. Vol. I (Coimbra, 1993). 321 p.
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- Actas do Congresso. As Línguas Clássicas, Investigação e Ensino. Vol. II (Coimbra, 1995). 342 p.
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- Ferreira, José Ribeiro & Dias, Paula Barata (coord.), Som e imagem no ensino das Línguas Clássicas (Coimbra, 2003). 376 p.
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PVP: 15 €
5. Perenidade dos estudos clássicos
- Ramalho, Américo da Costa & Nunes, J. de Castro, Catálogo dos manuscritos da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, relativos à Antiguidade Clássica (Coimbra, 1945). 116 p.
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- Actas do Congresso Internacional. As Humanidades greco-latinas e a civilização do universal (Coimbra, 1988). 667 p.
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- Actas do Colóquio. Medeia no drama antigo e moderno (11 e 12 de Abril de 1991) (Coimbra, 1991). 243 p.
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- Silva, Maria de Fátima Sousa (coord.), Representações de teatro clássico no Portugal contemporâneo, Vol. I (Coimbra e Lisboa, 1998). 256 p.
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- Silva, Maria de Fátima Sousa (coord.), Representações de teatro clássico no Portugal contemporâneo, Vol. II (Coimbra e Lisboa, 2001). 441 p.
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- Silva, Maria de Fátima Sousa (coord.), Representações de teatro clássico no Portugal contemporâneo, Vol. III (Coimbra, 2004). 189 p.
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- Actas do I Congresso da APEC. As raízes greco-latinas da cultura portuguesa (Coimbra, 1999). 463 p.
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PVP: 15 €
- Ferreira, José Ribeiro (coord.), A Retórica greco-latina e a sua perenidade. Vol. I (Porto, 2000). 485 p.
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- Ferreira, José Ribeiro (coord.), A retórica greco-latina e a sua perenidade. Vol. II (Porto, 2000). 515 p.
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Oliveira, Francisco de (coord.), Penélope e Ulisses (Coimbra, 2003). 436 p.
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PVP: 20 €
Ferreira, José Ribeiro (coord.), Labirintos do mito (Coimbra, 2004). 149 p.
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