sábado, 17 de julho de 2010

O Nu na Antiguidade Clássica

Mas já que começámos a falar, devemos avançar para a parte mais difícil da nossa lei, depois de termos pedido a estes trocistas que não exerçam a sua actividade, mas que sejam sérios, e de lhes termos lembrado que não há muito tempo, os Gregos consideravam vergonhoso e ridículo — como ainda agora a maior parte dos bárbaros — a vista de um homem nu e que, quando a prática da ginástica começou, primeiro com os Cretenses e depois com os Lacedemónios, os trocistas de então ridicularizavam estas práticas.

nota a este passo na minha edição: Gregos e bárbaros diferem, entre outras coisas, na capacidade de desnudar o corpo, na superação da vergonha, sem se tornarem vergonhosos.

Platão, A República 452c-d
Guimarães, Lisboa: 2005. (trad.: Elísio Gala)

[ἀλλ᾽ ἐπείπερ λέγειν ἠρξάμεθα, πορευτέον πρὸς τὸ τραχὺ τοῦ νόμου, δεηθεῖσίν τε τούτων μὴ τὰ αὑτῶν πράττειν ἀλλὰ σπουδάζειν, καὶ ὑπομνήσασιν ὅτι οὐ πολὺς χρόνος ἐξ οὗ τοῖς Ἕλλησιν ἐδόκει αἰσχρὰ εἶναι καὶ γελοῖα ἅπερ νῦν τοῖς πολλοῖς τῶν βαρβάρων, γυμνοὺς ἄνδρας ὁρᾶσθαι, καὶ ὅτε ἤρχοντο τῶν γυμνασίων πρῶτοι μὲν Κρῆτες, ἔπειτα Λακεδαιμόνιοι, ἐξῆν τοῖς τότε ἀστείοις πάντα ταῦτα κωμῳδεῖν.]

Quem não faz segredo de si próprio causa indignação: nessa medida, tendes motivo para recear a nudez! Sim, se fôsseis deuses, então poderíeis ter vergonha das vossas vestes!

Nietzsche, Assim Falava Zaratustra, Canto I, 'Do Amigo'
Relógio d'Água, Lisboa: 1998 (trad.: Paulo Osório de Castro)

[Wer aus sich kein Hehl macht, empört: so sehr habt ihr Grund, die Nacktheit zu fürchten! Ja, wenn ihr Götter wäret, da dürftet ihr euch eurer Kleider schämen!]

imagem: os bronzes de Riace (c. 460-430 a.C.)
@ Museu Nacional da Magna Grécia, Reggio Calabria

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