Através das paredes nuas da casa.
A média-luz do início faz-nos lembrar
Que o branco
É um estado mediterrânico de ser.
O corpo do mar é longo e calmo
E repousa sobre o sol
No pátio quadrado da casa da ilha.
Há algures o cheiro novo dos orégãos
E do azeite.
Nas ânforas guardadas na rua
Restam as esperanças antigas
Do dia de amanhã.
As aranhas trabalham desafogadamente,
Enquanto vem a tarde
No seu labor de séculos.
O sumo das laranjas frescas
Refresca-me.
Tudo é natural e bom
Na tarde branca e fresca da ilha,
Como se as coisas vivessem
Espantadas de ser elas.
Lar antigos dos deuses,
Pátio da eterna recriação,
Viagem à Hélade antiga
Em busca de algo que perdemos
E não conseguimos lembrar,
Memória das tardes brancas do sol.
Filipe Gouveia de Freitas, in:
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