quarta-feira, 30 de novembro de 2011
A Honra & O Poder
o bebé hermes e maia; do outro lado, o gado roubado |
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Grandes ladrões de tempo
Magni fures temporis sunt amici, etsi nullum tempus minus ereptum, minus perditum videri debeat, quam quod post Deum amicis impenditur.
Petrarca. Carta a Pulício Vicentino. Tradução minha.
Filosofia Política Clássica vs Moderna VIII
Platão. Górgias 484c-e. Tradução minha.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Mente Sã Em Corpo São
Platão dobra o braço e mostra o músculo. |
Realisation
Gulbenkian, Lisboa: 2009. (trad.: J. A. Segurado e Campos)
domingo, 27 de novembro de 2011
Estado de Excepção
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Filosofia Política Clássica vs Moderna VII
(Parte II desta mensagem.)
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Leitores Atentos §14
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Aires Barbosa na Cosmópolis Renascentista
Nair Castro Soares (Univ. de Coimbra): “O primeiro Humanismo ibérico”
Italo Pantani (Università degli Studi di Roma “La Sapienza): “Aires Barbosa e l’esperienza poetica dell’umanesimo italiano”
Discussão
12h30 Belmiro Fernandes Pereira (Univ. do Porto): Apresentação do livro coordenado por Nair Castro Soares, Margarida Miranda e Carlota Miranda Urbano, Homo eloquens, homo politicus. A retórica e a construção da cidade na Idade Média e no Renascimento (Coimbra, Classica Digitalia, 2011)
Pausa para Almoço
14h30 Mesa 1: Presidida por Arnaldo Espírito Santo (CECUL)
Sebastião Tavares de Pinho (Univ. de Coimbra): “A viagem marítima como metáfora da criação literária: o exemplo paradigmático de Aires Barbosa”
Carlos Morais (Univ. de Aveiro): “Gramáticas para o ensino do Grego em Portugal: séculos XVI-XVIII”
Discussão
15h45 Mesa 2: presidida por Maria do Céu Fialho (Directora do CECH)
Manuel Barbosa (Univ. de Lisboa): “Aspectos do humanismo em Portugal no dealbar do século XVII: Luís da Cruz e companhia”
Henrique Manso (Univ. da Beira Interior): “A edição quinhentista do comentário barbosiano à Historia Apostolica, de Arator”
16h45 Discussão
17h00 Sebastião Tavares de Pinho (Univ. de Coimbra): Apresentação do livro de Henrique Manso, Comentário de Aires Barbosa ao segundo livro da Historia Apostolica de Arator. Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian, 2011
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
The Horror, The Horror
[Μετὰ δὲ τοῦτο, ἐπειδὴ ἐδόκει τῷ Νικίᾳ καὶ τῷ Δημοσθένει ἱκανῶς παρεσκευάσθαι, καὶ ἡ ἀνάστασις ἤδη τοῦ στρατεύματος τρίτῃ ἡμέρᾳ ἀπὸ τῆς ναυμαχίας ἐγίγνετο. δεινὸν οὖν ἦν οὐ καθ' ἓν μόνον τῶν πραγμάτων, ὅτι τάς τε ναῦς ἀπολωλεκότες πάσας ἀπεχώρουν καὶ ἀντὶ μεγάλης ἐλπίδος καὶ αὐτοὶ καὶ ἡ πόλις κινδυνεύοντες, ἀλλὰ καὶ ἐν τῇ ἀπολείψει τοῦ στρατοπέδου ξυνέβαινε τῇ τε ὄψει ἑκάστῳ ἀλγεινὰ καὶ τῇ γνώμῃ αἰσθέσθαι. τῶν τε γὰρ νεκρῶν ἀτάφων ὄντων, ὁπότε τις ἴδοι τινὰ τῶν ἐπιτηδείων κείμενον, ἐς λύπην μετὰ φόβου καθίστατο, καὶ οἱ ζῶντες καταλειπόμενοι τραυματίαι τε καὶ ἀσθενεῖς πολὺ τῶν τεθνεώτων τοῖς ζῶσι λυπηρότεροι ἦσαν καὶ τῶν ἀπολωλότων ἀθλιώτεροι. πρὸς γὰρ ἀντιβολίαν καὶ ὀλοφυρμὸν τραπόμενοι ἐς ἀπορίαν καθίστασαν, ἄγειν τε σφᾶς ἀξιοῦντες καὶ ἕνα ἕκαστον ἐπιβοώμενοι, εἴ τινά πού τις ἴδοι ἢ ἑταίρων ἢ οἰκείων, τῶν τε ξυσκήνων ἤδη ἀπιόντων ἐκκρεμαννύμενοι καὶ ἐπακολουθοῦντες ἐς ὅσον δύναιντο, εἴ τῳ δὲ προλίποι ἡ ῥώμη καὶ τὸ σῶμα, οὐκ ἄνευ ὀλίγων ἐπιθειασμῶν καὶ οἰμωγῆς ὑπολειπόμενοι, ὥστε δάκρυσι πᾶν τὸ στράτευμα πλησθὲν καὶ ἀπορίᾳ τοιαύτῃ μὴ ῥᾳδίως ἀφορμᾶσθαι, καίπερ ἐκ πολεμίας τε καὶ μείζω ἢ κατὰ δάκρυα τὰ μὲν πεπονθότας ἤδη, τὰ δὲ περὶ τῶν ἐν ἀφανεῖ δεδιότας μὴ πάθωσιν.]
Ad M—
Evening Landscape With Two Men (1830-5), de Caspar Friedrich @ Hermitage |
domingo, 20 de novembro de 2011
Tucídides Cansado de Discursos
Visita ao Museu
La Strada Entra Nella Casa
pormenor de La Strada Entra Nella Casa (1911), de Umberto Boccioni @ Sprengel Museum, Hanover. |
Graecum est, non refert
“Somos todos gregos” - Konstantínos Kaváfis
Por isso hoje leio as notícias e entristeço profundamente. A Grécia é a ovelha negra da Europa e “parece ter peçonha”, como escrevia há tempos Baptista-Bastos. Todos a olham de soslaio, todos a repudiam e se mostram voluntariosos em mostrar o seu desfavor para com ela. A par da Europa política e económica que se desmorona, também a Europa “ética” se afunda. Onde está a solidariedade de facto de que falava Schuman? Uma utopia. Os gregos são a vergonha da Europa e é o “império germânico”, com a sua dux Merkel, que decide o seu futuro, que lhes ditam o que fazer e que os incluem ou excluem das suas decisões. Dir-se-ia que para os líderes europeus, com Merkel à cabeça, tudo o que é grego não interessa ( graecum est, non refert).
A Grécia, pelo que representa, jamais deveria estar sujeita a este desrespeito, fundado num capitalismo tão atroz quanto néscio. A curiosidade intelectual, a exploração da expressão literária e artística, mantêm-se e animam novas tarefas científicas e artísticas em todos os lugares em que os homens renovam o seu contacto com os Gregos, homens a quem a Natureza pôs numa caverna obscura e que, iluminados apenas pelo reflexo de uma fogueira - vendo dançar nas paredes a sombra vaga dos que lá fora passavam sob a luz do sol - empregaram todos os recursos do seu espírito em desprender-se dos grilhões que os encadeavam e vieram, eles também, banhar-se na claridade radiosa do grande sol doirado, no caminho livre. Os templos caem, dentro em pouco um fanatismo destruidor os deitará ao chão por completo, partirá estátuas, fará desaparecer as ofertas sagradas e nunca mais a flauta de Pã vibrará no ar ardente. Mas por todo o tempo ficará no homem – isso é certo - a saudade, o anseio de reencontrar essa Grécia divina onde se adoram, sobre todos os deuses, a Beleza e a Vida.
* Artigo publicado in Açores9, Jornal de distribuição gratuita na R.A.A.
sábado, 19 de novembro de 2011
Realpolitik
There was now gathered in contention for Syracuse what was certainly the largest number of nations ever to converge on a single city, a number only exceeded by the full tally of those involved in this war for or against the cities of Athens and Sparta. Here follows a list of the various nationalities who were there on either side to attack or defend Sicily and took part in the war over Syracuse. They had come to share either in the conquest of the country or in its rescue, but their particular alignment was not determined by any justifying cause or kindred loyalty so much as by purely contingent factors of self-interest or compulsion.
Notas Sobre O Destino da "Terra do Poente"
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
La Liberté Guidant Le Peuple
This was also the time of the revolution in Samos, when the people rose up against the men in power, helped by the Athenians from the three ships which they had there at the time. The Samian people killed in all up to two hundred of the most powerful men, condemn another four hundred to exile, and distributed their land and houses among themselves [...]. Among other measures, they withdrew all civic rights from the former landowners and prohibited any future marriage alliances, bride or groom, between them and the people or the people and them.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
A Literatura Clássica ou os Clássicos na Literatura
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
O cisne deu três voltas
O cisne deu três voltas no seu lago.
Engomava o silêncio liquefeito...
A curva do perscoço, sobre o peito,
Tinha a doçura branca dum afago
De mão que desconserta a simetria...
Contam que Zeus, um dia,
Num desejo de amante insatisfeito,
Se vestiu da ilusão daquelas penas...
Quem me diz que a divina fantasia
Não encontrou a porta de saída,
E o cisne que ali passeia a vida
É um Júpiter de Atenas!...
Miguel Torga, Diário VI, 1953
in Poesia Completa, volume I, Dom Quixote, Lisboa 2007, p.476
domingo, 13 de novembro de 2011
A Nudez Forte da Verdade
Ifigénia
Ifigénia, Herbert Gustav Schmalz |
ela estreava o vestido
o vestido côr-de-açafrão que a mãe lhe oferecera
agora és já uma mulher
agora minha menina
dissera-lhe a mãe
és já uma mulher
por isso pôs o vestido que a mãe lhe oferecera
o vestido côr-de-açafrão
o mais bonito dos seus vestidos
vira-o uma vez
fora nos aposentos do pai
raramente lá entrava
assustavam-na todos aqueles homens gordos e barbudos
as suas canções ordinárias e bêbadas
o cheio nauseabundo a vinho e vómito
o pai pediu-lhe que cantasse
ela acompanhou com um péan as libações
todos se calaram para a ouvir cantar
ele era jovem e belo
sabia que ele a olhava
o seu canto virginal vacilou
amoravelmente
o pai mandara-a buscar
viearm dois homens para a levar
por isso pôs o vestido côr-de-açafrão
o vestido que a mãe lhe oferecera
uma brisa deixou-lhe os cabelos em desalinho
flores desabrochavam
ao sair do palácio
pressentia que a sua vida ia mudar
teve pela primeira vez consciência
de que era já uma mulher
estava feliz
era o início da primavera
caía
uma chuva
miudinha
Apelo em nome da Herança Greco-Latina da Humanidade
Esta comunidade ergueu pontes não só para o seu próprio tempo, mas também para o futuro, do qual nunca desviaram o olhar quando se esforçavam para melhorar a sociedade presente. Assim interligados os seus cidadãos puderam sentir-se uma parte indissociável das reflexões e experiências uns dos outros por mais separados, pois que sentiam aquele vínculo que unifica todo o género humano onde quer que ele se encontre e se pense. Tudo isto foi devido à capacidade e vontade assumida por esta República de transcender os limites do tempo e do espaço; puderam fazê-lo através de línguas não expostas às mutações do fluxo continuo do uso vernacular. Acontece que hoje esta comunidade e as suas línguas está em grave perigo: as responsabilidade politicas que lhe são devidas para o seu sustento e promoção deixam de ser assumidas, e deste modo se treinam gerações de olhares fixos no pragmatismo económico, às quais não foi sequer concedido vislumbrar o vasto tesouro que lhes poderia permitir aceder à sua doutrina, pois que estas línguas vão sendo quase completamente abandonadas nas mãos de um circulo restrito de especialistas.
Admiramo-nos ainda de sobremaneira que a UNESCO não tenha ainda levado em conta as tradições duma comunidade humana tão vasta e duma influencia tão decisiva no plano cultural, de pensamento, e de ideias que dizem respeito ao conhecimento de algo mais; e por isso propomos o documento que se pode ler nas páginas anexas, que têm por objectivo persuadir a UNESCO a acolher esta comunidade e as suas línguas no seio da sua salvaguarda, reconhecendo-as enquanto “Património Imaterial da Humanidade”, pois que são uma jóia dada aos povos, a todos sem excepção.
Ler mais, e assinar a petição -
Pede-se também a divulgação por todos os interessados.
Fuit olim − et etiamnunc exstat − in universo terrarum orbe quaedam societas hominum, quae, praeter omnia religionis, varietatis, nationis et patriae discrimina, in tradendis notionibus et cultu fovendo communia et superiora agnovit sibi fundamenta. Quae hominum societas ab iis qui per saecula et aetates eius pars magna fuere, res publica litterarum est appellata; ac sicut omnes res publicae, ex civibus constitit. Civitate vero non modo homines aetate inter sese coniunctos, verum etiam eos, qui hac in vita praecesserant illos, quorumque voces litteris commissae vel sapientium praesentibus vocibus docentium traditae nihilominus audiri poterant pleno iure donavit.
Quae hominum societas ante omnia quasi quendam pontem exstruere voluit quo ad futura pertineret tempora, neque umquam non magnam adhibuit curam cum in provehendis aetatibus quibus ipsa floruit, tum in providendo posteritati, quacum huius rei publicae cives fraternitatis quodam totius generis humani vinculo iam se connexos atque copulatos esse sentiebant. Quae hominum societas, linguarum ope continuas fluminis rerum mutationes non subeuntium, regionum et temporum spatia transcendere potuit; attamen periclitatur hodie valde, cum eam in dies subsidia atque auxilia potestatum quae hoc officium suum sentiant, necnon rationes et viae, quibus provehatur et innutriatur penitus deficiant. Periculum igitur est ne, hac recentiore aetate, qua saepe homines nonnisi effrenata lucri cupiditate impelluntur aurique sacra fame tantum excitantur, iuniores hoc inaestimabili patrimonio orbentur, quippe quod neque honore alatur, neque usquam vulgo tradatur colaturque, neque, nisi ab exigua hominum manu peculiarem quandam provinciam singulariter tractantium, quanti sit percipiatur.
Admirati igitur omnium gentium coetum, c.n. UNESCO nondum cultus et communium huius societatis humanae fundamentorum satis hucusque rationem habuisse - quae societas tam multum valuit ad totius orbis humanitatem fovendam, ad notiones et consilia verbis exprimenda, ad altiorem quandam sapientiam quaerendam - documentum, quod in insequentibus paginis scriptum est, proponere voluimus, ut omnia necessaria fiant ad aliud genus “humani generis patrimonium” agnoscendum: illud scilicet, quod totum et universum hominum genus thesaurorum pretiosissimum existimat ac ducit.