segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Realisation

Alexandre percorria a Índia levando a guerra e a destruição a povos cuja existência até os seus vizinhos mal conheciam. Durante o cerco a uma cidade, ao circundar as muralhas na busca do ponto mais vulnerável das fortificações, foi ferido por uma flecha. Durante algum tempo continuou montado, sem interromper o combate. Por fim, ao coagular o sangue na ferida, a dor começou a aumentar; a perna, pendurada da sela, foi ficando entorpecida e Alexandre viu-se obrigado a desmontar. Disse então: "Toda a gente jura que eu sou filho de Júpiter, mas esta ferida grita bem alto que eu não passo de um homem!".

[Alexander cum iam in India vagaretur et gentes ne finitimis quidem satis notas bello vastaret, in obsidione cuiusdam urbis, circumit muros et inbecillissima moenium quaerit, sagitta ictus diu persedere et incepta agere perseveravit. Deinde cum represso sanguine sicci vulneris dolor cresceret et crus suspensum equo paulatim obtorpuisset, coactus absistere 'omnes' inquit 'iurant esse me Iovis filium, sed vulnus hoc hominem esse me clamat'.] 


Séneca, Cartas a Lucílio VI.59.12.
Gulbenkian, Lisboa: 2009. (trad.: J. A. Segurado e Campos)

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