Os Gregos enquanto Intérpretes. — Quando falamos dos Gregos, estamos na verdade a falar involuntariamente do Hoje e do Ontem: a história deles, tão sobejamente conhecida, é na realidade um espelho em branco que reflecte sempre alguma coisa que não estava lá antes. Nós usamos a liberdade que temos para falar sobre eles para nos podermos calar a respeito de outros — de modo que deixamos que cada um deles sussurre algo no ouvido do leitor que for capaz de tirar sentido das suas palavras. Os gregos transmitem assim aos modernos o acesso a muito que é difícil de transmitir e de reflectir.
Nietzsche. Humano Demasiado Humano [218]. Tradução minha.
Die Griechen als Dolmetscher. — Wenn wir von den Griechen reden, reden wir unwillkürlich zugleich von Heute und Gestern: ihre allbekannte Geschichte ist ein blanker Spiegel, der immer Etwas wiederstrahlt, das nicht im Spiegel selbst ist. Wir benützen die Freiheit, von ihnen zu reden, um von Anderen schweigen zu dürfen, damit jene selber dem sinnenden Leser Etwas ins Ohr sagen. So erleichtern die Griechen dem modernen Menschen das Mittheilen von mancherlei schwer Mittheilbaren und Bedenklichen.
Sem comentários:
Enviar um comentário