A certa altura da sua história, quando todos os palácios tinham sido incendiados e já não se via o ouro, a certa altura da sua história de que bem pouco sabemos, porque não nos foram deixados nem palavras nem monumentos, os Gregos optaram pela perfeição em detrimento do poder. O poder sonha com uma expansão indefinida, a perfeição não pode sonhar. O perfeito é apenas um entre os inúmeros pontos do processo que transforma constantemente a existência. Mas este ponto tem um defeito oculto, que aterroriza os Gregos: o ponto perfeito é aquele que conclui, que mata.
Roberto Calasso, As Núpcias de Cadmo e Harmonia, pg. 238
Cotovia, Lisboa: 1990. (trad.: Maria Jorge Vilar de Figueiredo).
Sem comentários:
Enviar um comentário