quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Falar Grego Antigo

(começa aos 0:30)
Quando acabei o curso, devo confessá-lo aqui, não era capaz de pegar num livro de Plutarco e lê-lo em Grego sem tradução e sem dicionário. Isto para dizer que, de certa maneira, a primeira coisa que salta à vista no estudo do Grego é o grande fracasso dos métodos tradicionais do ponto de vista dos seus resultados. Se dedicarmos o mesmo número de horas  à aprendizagem do inglês ou do francês conseguimos resultados vastamente superiores. - Cristophe Rico
Cristophe Rico é o famoso autor do livro de grego Polis: Parler le grec ancien comme une langue vivante (Cerf). Embora me incomode um pouco por ensinar a língua comum (Koinê), e não o Grego Clássico  é essa a razão principal pela qual continuo a optar pela ampliação italiana feita por Luigi Miraglia do manual Athenaze (Vivarium Novum Edizioni et alii) feita a partir da versão inglesa de Maurice Balmer,  adaptação essa por sinal bastante melhor do que a original inglesa — fora esse detalhe técnico simpatizo com ele a toda a linha contra os méthodos vulgarmente utilizados. Uma crítica na Amazon ao livro diz-nos «For people learning modern languages, this seems like a no brainer, but trust me, you have never seen a book on a "dead language" like Rico's.» - pelo menos nada escrito nos últimos 250 anos, acrescentaria eu. Alunos que aprendem línguas antigas (tudo isto vale quer para o Grego quer para o Latim) pela primeira vez com méthodos vivos não só se espantam que se possa aprender de outra maneira, como também (ao contrário dos seus pares que as aprendem tradicionalmente, para os quais que o ensino possa ser diferente é também motivo de estupefacção) atingem por regra graus de proficiência notavelmente superiores. Tudo isto são coisas de que já aqui falei.

Mas oportet ouvi-las iterum iterumque. Qualquer pessoa que conheça os dois lados da questão reconhece qual o mais bem-sucedido, agora o futuro ou a sua condenação depende daqueles que efectivamente dão as cartas: os professores do secundário, os professores universitário, cujo vasto conhecimento passivo das línguas se poderá transformar em conhecimento activo desde que estejam dispostos a esforçar-se para o aprender, com proveitos colossais para os seus futuros alunos. Por vezes lamentamo-nos (em Portugal, onde o ensino das línguas antigas se passou a iniciar apenas na universidade) que "agora", visto que já não se parte com bases do secundário, é "impossível" obter os mesmos resultados que antigamente, ignorando o facto de a diferença, embora existente, não é qualitativamente superior; resultados muito melhores que os "de antigamente" poderão ser atingidos, desde que se ouse enfrentar o ovo de Colombo de que podemos ensinar e aprender estas línguas de maneira diferente. Τοὐλάχιστον δὴ τοῦτ' ἐλπίζ' ὲγώ!

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