segunda-feira, 30 de maio de 2011

Entre Roma e a Cultura dos Humanistas

COLÓQUIO POIESIS EM LATIM
ENTRE ROMA E A CULTURA DOS HUMANISTAS
3 de Junho de 2011- Sala do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, FLUC

11h — Abertura
11h15m —Nuevas perspectivas de estudio de las tragedias de Séneca, Aurora López, Andrés
Pociña (Univ. Granada);
Discussão.

13h — Pausa para almoço

14h30m — La teoría del Amor en el Renacimiento: la Poética de Escalígero, María Nieves
Muñoz Martín (Univ. Granada);
Discussão.

15h30m— Los orígenes de los géneros literarios y los juegos atléticos en Escalígero, J. A. Sánchez
Marín (Univ. Granada);
Discussão.

16h30m — Apresentação de livro: Rodolfo Pais, Platão, Timeu. Crítias, introd. trad. e notas,
por M. T. Schiappa de Azevedo (Univ. Coimbra).

16h45m — Encerramento.

Nada tem que ver com clássicas

Mas é uma boa notícia.
(Via Facebook de Francisco Nascimento)

Computadores Gregos

Researcher Minas Tsikritsis who hails from Crete -- where the Bronze Age Minoan civilization flourished from approximately 2700 BC to 1500 century BC -- maintains that the Minoan Age object discovered in 1898 in Paleokastro site, in the Sitia district of western Crete, preceded the heralded "Antikythera Mechanism" by 1,400 years, and was the first analog and "portable computer" in history.

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sábado, 28 de maio de 2011

A Cabeleira de Fédon

L’immobilité de la mort ne peut être pour moi qu’un dernier état de la vitesse suprême: la pression du vide fera éclater mon coeur. Déjà, ma danse dépasse les remparts des cités, le terre-plein des Acropoles, et mon corps tournoyant comme le fuseau des Parques dévide sa propre mort. Il n’y a ni vertu, ni pitié, ni amour, ni pudeur, ni leurs puissants contraires, mais rien qu’une coquille vide dansant au haut d’une joie qui est aussi la Douleur, un éclair de beauté dans un orage de formes. La chevelure de Phédon se détache sur la nuit de l’univers comme un météore triste.

Marguerite Yourcenar, Feux 5

Prosa de tema clássico

As lendas começam e acabam com a paisagem. Micenas não teria a sua epopeia sangrenta se não fosse decerto aquela escalvada e feroz amplidão onde se situam ainda os seus alicerces. Abre-se a Porta das Leoas para as pedregosas veredas coroadas, em tempos fantasticamente antigos, pelo palácio de Egisto; esse Egisto em que Macbeth parece decalcar-se, na turbulência dos seus crimes que são debilidades epilépticas, mais do que exigências de Estado. Do cômoro funesto, vêem-se as planícies que se estendem até Nauplion; vêem-se, na transparência do ar seco, os recortes das aves e das gentes. A distância assombra pelo rigor em que os podemos detalhar. E Micenas parece-nos ainda hoje inatingível de surpresa; não somos recém-chegados quando nos avizinhamos dela - somos mensageiros que de muito longe fomos reconhecidos.
Em todo o fabuloso Peloponeso, é Micenas um lugar que conserva intacta a sua atmosfera dramática.

Agustina Bessa-Luís, Conversações com Dmitri e Outras Fantasias, Relógio d'Água, 1992

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Dioscórides e o Humanismo Português

No próximo dia 31 de Maio (terça-feira), terá lugar no Museu de Aveiro a segunda edição do Ciclo de Conferências «Dioscórides e o Humanismo Português: os Comentários de Amato Lusitano». As actividades decorrerão durante a manhã, estando prevista uma visita ao Museu.

9.30h – Francisco Cortés Gabaudan
(Universidade de Salamanca – Departamento de Filología Clásica e Indoeuropeo)
Presentación del Dioscórides Interactivo. Edición web del Manuscrito de Salamanca.

10.30h – Visita ao Museu

11.30h – António Lourenço Marques
(Universidade da Beira Interior – Faculdade de Ciências da Saúde)
Amato Lusitano na fronteira do pensamento da ciência médica.

12h – Teresa Nobre de Carvalho
(Universidade de Lisboa – Faculdade de Ciências – CIUHCT)
Os simples dos Colóquios de Garcia de Orta.

O projecto de investigação «Dioscórides e o Humanismo Português: os Comentários de Amato Lusitano», financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, tem como objectivo principal a edição e tradução para português dos dois livros que Amato Lusitano dedicou ao comentário do tratado grego «De materia medica» de Dioscórides, ou seja, o «Index Dioscoridis» (Antuérpia, 1536) e as «In Dioscoridis Anazarbei de medica materia libros quinque...enarrationes» (Veneza, 1553). Está prevista, também, a tradução de mais duas obras directamente correlacionadas com os livros do médico português: a montante, a do próprio tratado grego de Dioscórides sobre a matéria médica; a jusante, a do livro intitulado «Apologia aduersus Amathum Lusitanum» (Veneza, 1558) da autoria do humanista Pietro Andrea Mattioli.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Novidades Editoriais Classica Digitalia

(informação recebida pela Origem da Comédia)
O Conselho Editorial dos Classica Digitalia – braço editorial do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da UC – tem o gosto de anunciar dois novos livros, sendo um deles publicado em parceria com o Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa.

Todos os volumes dos Classica Digitalia são editados em formato tradicional de papel e também na biblioteca digital. O eBook correspondente (cujo endereço directo é dado nesta mensagem) encontra-se disponível em acesso livre. O preço indicado diz respeito ao volume impresso.

NOVIDADES EDITORIAIS

Colecção “Autores Gregos e Latinos – Série Textos Latinos”

- Ana Alexandra Sousa: Séneca. Medeia. Tradução do latim, introdução e notas (Coimbra, CECH/CEC, 2011). 109 p.
PVP: 10 € / Estudantes: 8 €

- Cláudia A. Teixeira, José Luís Brandão e Nuno Simões Rodrigues: História Augusta. Volume I. Tradução do latim, introdução e notas (Coimbra, CECH, 2011). 243 p.
PVP: 16 € / Estudantes: 12 €

Dos epítetos

Suetónio conta-nos (Cal. 23) que Calígula chamava à sua avó Lívia Ulisses de saias

quarta-feira, 25 de maio de 2011

UCV on FESTEA

ADIADO - Ensaio sobre a Cicuta

Por motivos de força maior, teremos infelizmente de adiar a representação do Ensaio sobre a Cicuta programada para hoje à noite em Conímbriga. Em breve comunicaremos a data de substituição.

Poesia de tema clássico

Aristotle

This is the beginning.
Almost anything can happen.
This is where you find
the creation of light, a fish wriggling onto land,
the first word of Paradise Lost on an empty page.
Think of an egg, the letter A,
a woman ironing on a bare stage as the heavy curtain rises.
This is the very beginning.
The first-person narrator introduces himself,
tells us about his lineage.
The mezzo-soprano stands in the wings.
Here the climbers are studying a map
or pulling on their long woolen socks.
This is early on, years before the Ark, dawn.
The profile of an animal is being smeared
on the wall of a cave,
and you have not yet learned to crawl.
This is the opening, the gambit,
a pawn moving forward an inch.
This is your first night with her, your first night without her.
This is the first part
where the wheels begin to turn,
where the elevator begins its ascent,
before the doors lurch apart.

This is the middle.
Things have had time to get complicated,
messy, really. Nothing is simple anymore.
Cities have sprouted up along the rivers
teeming with people at cross-purposes –
a million schemes, a million wild looks.
Disappointment unsolders his knapsack
here and pitches his ragged tent.
This is the sticky part where the plot congeals,
where the action suddenly reverses
or swerves off in an outrageous direction.
Here the narrator devotes a long paragraph
to why Miriam does not want Edward's child.
Someone hides a letter under a pillow.
Here the aria rises to a pitch,
a song of betrayal, salted with revenge.
And the climbing party is stuck on a ledge
halfway up the mountain.
This is the bridge, the painful modulation.
This is the thick of things.
So much is crowded into the middle –
the guitars of Spain, piles of ripe avocados,
Russian uniforms, noisy parties,
lakeside kisses, arguments heard through a wall
too much to name, too much to think about.

And this is the end,
the car running out of road,
the river losing its name in an ocean,
the long nose of the photographed horse
touching the white electronic line.
This is the colophon, the last elephant in the parade,
the empty wheelchair, and pigeons floating down in the evening.
Here the stage is littered with bodies,
the narrator leads the characters to their cells,
and the climbers are in their graves.
It is me hitting the period
and you closing the book.
It is Sylvia Plath in the kitchen
and St. Clement with an anchor around his neck.
This is the final bit
thinning away to nothing.
This is the end, according to Aristotle,
what we have all been waiting for,
what everything comes down to,
the destination we cannot help imagining,
a streak of light in the sky,
a hat on a peg, and outside the cabin, falling leaves.


Billy Collins*, Picnic, Lightning, 1998.

*Ezra Pound's dead penis writes better than everyone else, Miguel.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

[ADIADO] Ensaio Sobre a Cicuta - Conímbriga

Lamentamos informar que a apresentação do ENSAIO SOBRE A CICUTA em Conímbriga no dia 25 (Quarta-feira) foi infelizmente adiada. A nova data será anunciada em breve.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

The Parthenon

Where they tamed the wild Libyan
Unmarried war-goddess, goatskin-aproned;
Transmuted the owl-shrieking bugaboo
Into an image of wisdom –

A dash in a reckless and exorbitant taxi
Will get you there; then climb
Above the esurient, lively and stuffy city,
Feet slipping on loose stones.

Suddenly it stands there; like a familiar quotation
From dusty oleographs, the model
Of every second-rate “classical” building –
Church or museum –

Off-white like a sea-worn shell,
Like a bird’s skull,
Under remorseless light;
Denuded the colour and gold

Long since; the centaurs and heroes
Shanghaied to Bloomsbury.
It seems very small;
And She has departed.

So that’s all. There is nothing to do
But stand and gape like any other
Romantic tourist; and then go.

But turn your back, and stumble
Down the steep track – then suddenly
The mathematical candour,
Neither over – nor under – statement,

Owl-clawed, hooks to the heart.

John Heath-Stubbs (1959)

Este foi o TLS Poem of the Week na semana de 4 de Maio.

domingo, 15 de maio de 2011

[greco-latina]

fíbula de preneste
O meu livro
é a minha caverna
sombras e graffiti
preservados
pela lava do Vesúvio
que me asfixiou
da minha luta deixo
a minha fíbula

Adília Lopes, Versos Verdes
in Dobra - Poesia Reunida, Assírio & Alvim, Lisboa: 2009.

sábado, 14 de maio de 2011

XIII Festival Internacional de Teatro de Tema Clássico — Semana de 18 de Maio a 25 de Maio

18/05 (Quarta)

Pelo Cão!, Que Belo Lugar Para Conversas, ou Conferências Platónicas
com António Caeiro, Teresa Schiappa, José Pedro Serra, Luis Cerqueira e Rodolfo Lopes
seguido de conversa com os encenadores e os actores
Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra, a partir das 15:00.

seguido de
Ensaio Sobre a Cicuta, a partir das peças platónicas.
Origem da Comédia em parceria com Thíasos - Grupo de Teatro Clássico.
Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra, 21:30.

*

19/05 (Quinta)

 O Fulaninho de Cartago, de Plauto, pelo Thíasos - Grupo de Teatro Clássico
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 15:00

*

21/05 (Sábado)

Orfeu e Eurídice
pelo grupo Canto & Drama do Conservatório de Música de Coimbra
Ruínas Romanas de Conímbriga, 21:30

*

22/05 (Domingo)

 O Fulaninho de Cartago, de Plauto, pelo Thíasos - Grupo de Teatro Clássico
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Coimbra, 18:00


Orfeu e Eurídice
pelo grupo Canto & Drama do Conservatório de Música de Coimbra
Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra, 21:30

*

25/05 (Quarta)

Ensaio Sobre a Cicuta, a partir das peças platónicas.
Origem da Comédia em parceria com Thíasos - Grupo de Teatro Clássico.
Ruínas Romanas de Conímbriga, 21:30.

Defend

'We must always defend Plato to Aristotle and vice versa because if they should lose touch with each other we should be lost. The dimorphism of the psyche produced them both.'

Lawrence Durrell, "Balthazar", The Alexandria Quartet, Faber & Faber, 2009

quinta-feira, 12 de maio de 2011

À Maneira de Vieira


Mas eu
não morro
nunca
e eternamente
busco
e consigo
a perfeição
das coisas
porque sou
ateniense
e sou grega

Adília Lopes, Sete Rios Entre Campos
in Dobra - Poesia Reunida, Assírio & Alvim, Lisboa: 2009.

Cursos de Verão do Centro de Estudos Clássicos (2011)

No sentido de promover o contacto entre a investigação e o ensino, o Centro de Estudos Clássicos apresenta seis propostas de Cursos a serem leccionados no Período de Verão de 2011.

Textos e Mitos da Antiguidade Clássica: Ecos de uma herança cultural

Responsáveis: Cristina Abranches Guerreiro / Ana Alexandra Alves de Sousa
Convidados: Ana Filipa Isidoro, Gabriel Alexandre Silva, Ivan Neves Figueiras, Luísa Resende, Rui Carlos Fonseca
07 Junho a 22 de Julho 2011 (inscrições até 6 de Junho)
3.ª e 6.ª-feira: 18h-20h; Sábado: 10h-13h
Vagas: 30
Propina: 80€ (público geral); 20,00€ (membros do CEC)

Retórica

Responsável: Rui Miguel Duarte
14 a 23 Junho 2011 (inscrições até 9 de Junho)
2.ª-feira: 16:00-20:00; 3.ª, 4.ª e 5.ª-feira: 16:30-20:00
Vagas: 18
Propina: 90 € (público geral); 22,50€ (membros do CEC)

Grego em hieróglifos. O grego micénico e o grego arcado-cipriota

Responsáveis: António J. G. de Freitas / Fotini Hadjitoffi
14 Junho a 14 Julho 2011 (inscrições até 9 de Junho)
3ª, 4ª e 5ª-feira: 15:00-17:00
Gratuito

Introdução ao Latim

Responsável: Ricardo Nobre
22 de Junho a 21 de Julho (inscrições até 21 de Junho)
3.ª, 4.ª e 5.ª-feira: das 17h às 19h
Vagas: 30
Propina: 30 € (alunos e funcionários da FLUL); 50 € (outros); 12,50€ (membros do CEC)

Paleografia Grega

Responsável: Rui Miguel Duarte
24 de Junho a 1 de Julho de 2011 (inscrições até 21 de Junho)
6.ª-feira: 15:30-20:00; 2.ª, 3.ª, 4.ª e 5.ª-feira: 16:00-20:00;
Vagas: 18
Propina: 85 € (público geral); 21,25€ (membros do CEC)

Introdução às técnicas de leitura de textos epigráficos antigos e medievais

Responsáveis: Manuela Alves Dias / Catarina Gaspar
Convidados: Docentes da FLUL, Univ. Barcelona e Univ. degli Studi di Macerata
27 Junho a 2 Julho 2011 (inscrições até 18 de Junho)
2.ª a 6.ª-feira: 9:30-13:00 e 14:30-17:30; Sábado: 12:00-17:00
Propina: 90 € (público geral); 22,50€ (membros do CEC)

Os cursos estão organizados de modo a conferir de 1 a 2 ECTS aos seus participantes (a confirmar), para que possam ser adicionados aos seus planos de estudo como cadeiras opcionais.

As inscrições já estão em curso junto do Secretariado do Centro.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O Futuro Atrás De Ti


Num comentário ao Hino Homérico a Afrodite, tropecei na seguinte nota, que reproduzo na íntegra, também para dar ao leitor um vislumbre da complexidade a que pode chegar o jargão classicista: 
104: εἰσοπίσω. Cf. Tyrt. 9. 30: γένος ἐξοπίσω. The word has to be taken with θαλερόν γόνον, not with ποίει (Humbert). Originally the word means 'behind'. The Greeks imagined thamselves facing the past; so the temporal sense of εἰσοπίσω [para trás] became 'in the future'; cf. W. J. Verdenius ad Pind. Ol. 7, 68 and B.A. van Groningen, 'In the Grip of the Past' (Leiden, 1953). The word does not occur in Homer (see LSJ s.v.), but cf. σ 122: ἔς περ ὀπίσσω.
 Não pude deixar de recordar a célebre passagem de Benjamin sobre o quadro de Paul Klee:
 Há um quadro de Klee intitulado Angelus Novus. Representa um anjo que parece preparar-se para se afastar de qualquer coisa que olha fixamente. Tem os olhos esbugalhados, a boca escancarada e as asas abertas. O anjo da história deve ter este aspecto. Voltou o rosto para o passado. A cadeia de factos que aparece diante dos nossos olhos é para ele uma catástrofe sem fim, que incessantemente acumula ruínas sobre ruínas e lhas lança aos pés. Ele gostaria de parar para acordar os mortos e reconstituir, a partir dos seus fragmentos, aquilo que foi destruído. Mas do paraíso sopra um vendaval que se enrodilha nas suas asas, e que é tão forte que o anjo já as não consegue fechar. Este vendaval arrasta-o imparavelmente para o futuro, a que ele volta costas, enquanto o monte de ruínas à sua frente cresce até ao céu. Aquilo a que chamamos progresso é este vendaval.
Walter Benjamin, O Anjo da História
Assírio & Alvim, Lisboa: 2010. (trad.: João Barrento)

terça-feira, 10 de maio de 2011

[Nos dois berços]

Hércules Luta Com as Serpentes, @ Casa dei Vettii, Pompeia.
Nos dois berços
duas jibóias
esfomeadas
fugidas do circo
uma em cada berço
atacam os meninos
Hércules demove as jibóias
dos seus intentos assassinos
com monossílabos
dialogantes
à maneira de Konrad Lorenz
com os gansos
as jibóias adormecem
a pouco e pouco monas
enroscadas uma na outra
no berço de Íficles
como as lésbicas de Courbet
Íficles chora
com o peso das jibóias
sobre si
mas Hércules
dialoga com ele
como fez com as jibóias
e acalma-o
Íficles aprende com Hércules
a dizer Ji-Ji
para significar jibóia
monossílabo que pronunciam amboas
muito antes de papá
e de mamã

Adilía Lopes, A Continuação do Fim do Mundo
in Dobra - Poesia Reunida; Assírio & Alvim, Lisboa: 2009.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Purple Anemones

Who gave us flowers?
Heaven? The white God?

Nonsense!
Up out of hell,
From Hades;
Infernal Dis!

Jesus the god of flowers?
Not he.
Or sun-bright Apollo, him so musical?
Him neither.

Who then?
Say who.
Say it -- and it is Pluto,
Dis,
The dark one,
Proserpine's master.

Who contradicts?

When she broke forth from below,
Flowers came, hell-hounds on her heels.
Dis, the dark, the jealous god, the husband,
Flower-sumptuous-blooded.

Go then, he said.
And in Sicily, on the meadows of Enna,
She thought she had left him;
Hut opened around her purple anemones,
Caverns,
Little hells of colour, caves of darkness,
Hell, risen in pursuit of her; royal, sumptuous
Pit-falls.

All at her feet
Hell opening;
At her white ankles
Hell rearing its husband splendid, serpent heads,
Hell purple, to get at her --
Why did he let her go?
So he could track her down again, white victim.

Ah mastery!
Hell's husband blossoms
Out on earth again.

Look out, Persephone!
You, Madame Ceres, mind yourself, the enemy is upon you.
About your feet spontaneous aconite,
Hell glamorous, and purple husband tyranny
Enveloping your late enfranchised plains.

You thought your daughter had escaped?
No more stockings to darn for the flower roots, down in
hell?
But ah my dear!

Aha, the stripe-cheeked whelps, whippet-slim crocuses,
At 'em, boys, at 'em!
Ho golden-spaniel, sweet alert narcissus,
Smell 'em, smell 'em out!

Those two enfranchised women.

Somebody is coming!
Oho there!

Dark blue anemones!
Hell is up!
Hell on earth, and Dis within the depths!

Run, Persephone, he is after you already.

Why did he let her go?
To track her down;
All the sport of summer and spring, and flowers snap
ping at her ankles and catching her by the hair!
Poor Persephone and her rights for women.

Husband snared hell queen,
It is spring.

It is spring,
And pomp of husband-strategy on earth.

Ceres, kiss your girl, you think you've got her back.
The bit of husband tilth she is,
Persephone!

Poor mothers-in-law!
They are always sold.

It is spring.

D. H. Lawrence, Birds, Beasts & Flowers!, Black Sparrow Press, 1992.

Sobre o Comércio da Poesia, e a Ilíada

La transmission de la fausse grandeur à travers les siècles n'est pas particulière à l'histoire. C'est une loi générale. Elle gouverne aussi par exemple les lettres et les arts. Il y a une certaine domination du talent littéraire sur les siècles qui répond à la domination du talent politique dans l'espace; ce sont des dominations de même nature, également temporelles, appartenant également au domaine de la matière et de la force, également basses. Aussi peuvent-elles être un object de marché et d'échange.

L' Arioste n'a pas rougi de dire à son maître le duc d'Este, au cours de son poème, quelque chose qui revient à ceci: Je suis en votre pouvoir pendant ma vie, et il dépend de vous que je sois riche ou pauvre. Mais votre nom est en mon pouvoir dans l'avenir, et il dépend de moi que dans trois cents ans on dise de vous du bien, du mal, ou rien. Nous avons intérêt à nous entender. Donnez-moi la faveur et la richesse et je ferai votre éloge.

Virgile avait bien trop le sens des convenances pour exposer publiquement un marché de cette nature. Mais en fait, c'est exactement le marché qui a eu lieu entre Auguste et lui. Ses vers sont souvent délicieux à lire, mais malgré cela, pour lui et ses pareils, il faudrait trouver un autre nom que celui de poète. La poésie ne se vend pas. Dieu serait injuste si l'Énéide, ayant été composée dans ces conditions, valait l'Iliade. Mais Dieu est juste, et l'Énéide est infiniment loin de cette égalité.

Simone Weil, L'Enracinement, p. 293-4
Gallimard, Paris: 1949.

domingo, 8 de maio de 2011

Três Meses de Teatro Clássico


É no Teatro Paulo Quintela, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), que, desde 1992, a Thíasos – Associação Cultural faz o que melhor sabe: trabalhar textos de autores clássicos. Sejam comédias ou tragédias, latinas ou gregas, o objectivo é a difusão da cultura clássica, momento que atinge o clímax com o Festival Internacional de Teatro de Tema Clássico. Apesar do orçamento limitado já se contam treze edições e a de 2011 começou a percorrer o país a 28 de Abril, com uma primeira palavra de Terêncio.

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The Messiah Codex Decoded (ou a história de uma falsificação)

"Are Lead Tablets Discovered in a Remote Cave in Jordan the Secret Writings About the Last Years of Jesus?” the Daily Mail wondered. “A group of 70 or so ‘books’, each with between five and 15 lead leaves bound by lead rings, was apparently discovered in a remote arid valley in northern Jordan somewhere between 2005 and 2007 ... They could, just possibly, change our understanding of how Jesus was crucified and resurrected, and how Christianity was born”: thus the BBC’s religious affairs correspondent. “Containing cryptic messages in Hebrew and Ancient Greek, the codices were etched in an indecipherable code”, added the Daily Telegraph. “Academics speculate that they are actually the lost collection of codices mentioned in the Bible’s Book Of Revelation . . . [they] appear to refer to the Messiah and possibly even to the Crucifixion and Resurrection”: the Mail again.

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sábado, 7 de maio de 2011

O Livro na Cosmópolis — Colóquio Internacional Por Ocasião dos Dois Anos de Actividade dos Classica Digitalia

No dia 9 de Maio de 2011 estará aberta ao público, na Sala de Leitura do Instituto de Estudos Clássicos, uma exposição dos 50 volumes dos Classica Digitalia publicados, desde a criação, em 2009, deste espaço editorial do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos. Para além da sua publicação no ciberespaço podem, assim, ser apreciados os livros em suporte de papel. A exposição terá a sua abertura às 10h.

10h- Inauguração da exposição.
10h30m- Defense and Deterrence in the Context of the Foundation of the Delian League, Tomas Figueira (Univ. Rutgers)
11h30m - Alexandria: entre o Museu e a Biblioteca, Maria Helena da Rocha Pereira (Univ. Coimbra)
12h30m - La Bibliothèque de Montaigne, Marie-Luce Demonet (Univ. de Tours)

13h30m - Pausa para Almoço

15h - Apresentação da tradução da Historia Augusta (trad. José Luís Brandão, Univ. Coimbra, Cláudia Teixeira, Univ. Évora, Nuno Simões Rodrigues, Univ. Lisboa), por Maria Cristina Pimentel (Univ. Lisboa).
Apresentação da nova edição de J. Geraldes Freire, Apophthegmata Patrum, 2 vols., (com posfácio de Paula Barata Dias, Univ. Coimbra), por Arnaldo do Espírito Santo, Univ. Lisboa.
Apresentação do projecto de edição luso-brasileira dos Classica Digitalia, por Gabriele Cornelli (Univ. Brasília)

16h30m - Encerramento: Filosofia e Filopolítica em Platão: sobre Cercas Filosóficas e sua Permeabilidade, Gabriele Cornelli (Univ. Brasília).

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Dar Uma Voltinha Em Herculano

For more than 20 years the Decumanus Maximus has been closed to visitors. But at a ceremony at the site it was returned to the public. "Most of Herculaneum as experienced by tourists consists of little narrow streets where people could virtually lean across from balcony to balcony and touch hands," Wallace-Hadrill said. "But the Decumanus Maximus is a big public space. It's impressive." Its reopening marks the latest stage in the steady recovery and restoration of a settlement less well-known but in some respects more fascinating than Pompeii. Both were preserved by the eruption of Vesuvius in AD79.

Herculaneum was rediscovered by chance in the early 18th century. By 2001, when the Herculaneum Conservation Project (HCP) was launched, the partially excavated site was in a pitiful condition: two-thirds of its area was closed to visitors for reasons of either safety or conservation. By the end of next year the HCP hopes to have reduced that proportion by half. The project has consolidated the escarpment that towers over the town, stabilised all but a handful of the ancient buildings, repaired most of the existing roofing and reinstated the original Roman drainage system, providing an outlet for water that once accumulated on the site and threatened to destroy it.

ler notícia completa aqui.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

I Aniversário

Este blogue faz hoje um ano. Relendo a declaração de propósitos inicial, parece-me que nos mantivemos fiéis ao prometido. A Origem conquistou para si um espaço na Rede, empenhada numa missão que nos parece cada vez mais válida. Os números não são displicentes: 729 posts e pouco mais de 18.000 visualizações são valores minimamente consideráveis para um blogue de tema tão específico (porém tão amplo). Esperamos continuar a crescer com a mesma qualidade. A fortuna favorece os audazes.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Três Frescos da Sinagoga de Dura-Europos




A sinagoga de Dura-Europos data de 244. É única porque nas suas paredes se descobriu uma extensa colecção de frescos. Aqui ficam três exemplos.