quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

— Come up, Kinch! Come up, you fearful jesuit!

In the field of Latin grammar it was a Portuguese from Madeira who gave Europe one of [her] most widely used schoolbooks, viz. the three books De Institutione grammatica (1572) of the Jesuit Emmanuel Alvarez (1526-1582). This book was adopted for use in the schools by the Jesuit Ratio Studiorum and was not abandoned before the late 19th century: it was still used by James Joyce (1882-1941).

Josez Ijsewijn. Companion to Neo-Latin Studies: Part I. Leuven University Press. 1990.


(O livro pode ler-se aqui.)

domingo, 27 de janeiro de 2013

MiniLatim

Os alunos de Latim da Escola Fontes Pereira de Melo abriram um blogue de Cultura Clássica. A Origem da Comédia deseja-lhes omnia fausta ac felicia!


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Keep Calm And


Leitores Atentos §17

Alexandre consolado pelos filósofos depois de ter morto o seu amigo
Alexandre derrotou e pôs em fuga Persas, Hircanos, Indianos e todos os demais povos que desde o Oriente se espalham até ao mar oceano; quando, porém, de uma vez ordenou a morte de um amigo, de outra pereu um segundo amigo, Alexandre deitava-se às escuras, lamentando-se num caso do seu crime, no outro roendo-se de saudades, O vencedor de tantos reis e tantas nações deixava-se vencer pela ira ou pela amargura! E como não seria assim, se ele próprio julgava preferível conquistar o universo a dominar as suas paixões?

[Alexander Persas quidem et Hyrcanos et Indos et quidquid gentium usque in oceanum extendit oriens vastabat fugabatque, sed ipse modo occiso amico, modo amisso, iacebat in tenebris, alias scelus, alias desiderium suum maerens, victor tot regum atque populorum irae tristitiaeque succumbens; id enim egerat ut omnia potius haberet in potestate quam adfectus.]
Séneca, Cartas a Lucílio XIX.113.29 
Gulbenkian, Lisboa: 2009. (trad.: J. A. Segurado e Campos)


τί γὰρ ὠφελεῖ ἄνθρωπον κερδῆσαι τὸν κόσμον ὅλον καὶ ζημιωθῆναι τὴν ψυχὴν αὐτοῦ;
De que aproveita ao homem ganhar o mundo todo e deitar a perder a sua alma? [Mc 8, 36]

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

The Ancient Greek Hero Online

Starting in March 2013, The Ancient Greek Hero, taught by Harvard classics faculty member Gregory Nagy will be available as an open access course through edX (www.edx.org), the online learning initiative founded by Harvard University and the Massachusetts Institute of Technology (MIT). 

The HarvardX course will use the latest technologies to help students engage with poetry, songs, and stories first composed more than two millennia ago. Featured literature includes the Homeric epics, a selection of early lyrics, excerpts of prose history, seven tragedies, two Platonic dialogues, and the intriguing but rarely studied dialogue, On Heroes by Philostratus. 

Nagy, the Francis Jones Professor of Classical Greek Literature and Professor of Comparative Literature and head of the Center for Hellenic Studies at Harvard University, will be assisted by Kevin McGrath, Alex Forte, a team of other Teaching Fellows specializing in a wide variety of academic fields. Former teachers of earlier versions of the course, which has been taught almost every year since the late 1970’s, and students who have already taken the course (i.e., alumni) will also interact with new students. 

The text for the course will be Nagy’s forthcoming Harvard University Press book, The Ancient Greek Hero in Twenty-Four Hours. This book will be available on the course website and in dynamic e-book form; it will be supported by an enriched and annotated Sourcebook containing all the course readings and texts. The HarvardX version of the class will be the first humanities class offered by edX and will feature innovative approaches to both teaching and class participation.

saber mais aqui ou aqui (onde colhemos a informação).

domingo, 20 de janeiro de 2013

Circulus Latinus Lusitanicus

O que queremos dizer, hoje, quando dizemos que lemos Latim? A vasta maioria das vezes, salvo raras e honradas excepções, quer dizer que traduzimos. O recurso à tradução, seja à própria prévia seja à de outrem, tornou-se uma bengala simultaneamente incómoda e necessária. Isto não deve surpreender ninguém que esteja familiarizado com o ensino de línguas modernas: para nos podermos reclamar um domínio sólido sobre qual for a língua precisamos de ter essa língua presente no uso activo. Não podemos negar que enquanto se falou Latim fomos capazes de ler os clássicos latinos. O fim da primeira levou ao fim da segunda. Urge então, é a conclusão pedida, voltar a utilizar o Latim usu vivo

[...] Como podemos nós então despertar esse uso vivo da língua? Um outro fenómeno crescente principalmente na Europa são os ditos Circuli Latini, um nome que indica simplesmente grupos de diálogo e leitura de textos latinos – em Latim. Só em Espanha contamos seis, na Alemanha quatro, em Itália cinco. Em Portugal porém até à data com nenhum. E é para vos propor a fundação do primeiro que vos escrevo.

Estudos Hobbitanos Sobre o Bem-Falar


Pontifex Twittuit

When the Pope joined Twitter last month, the Vatican said his aim was to "begin dialogue" with ordinary men and women all over the world. His messages came down in eight different languages, and his followers soon totalled 2.5 million. From Sunday, it has been revealed, he will also be tweeting in Latin. Within hours of the announcement, the Twitter username @pontifex_ln had nearly 2,000 followers. Countering the scepticism of those who suggest the universal Church's official language might not be an obvious tool for spontaneous exchange and debate, Manlio Simonetti, a professor in Christian history, told L'Osservatore Romano: "Latin … is very well suited to the brevity necessary on new social networks, even more so than English." Roberto Spataro, secretary of the Pontifical Academy for Latin Studies, which Benedict XVI founded last year, agreed, telling the Vatican's semi-official newspaper: "[...] It is a language which helps to think with precision and sobriety. And it has produced an exceptional heritage of science, knowledge and faith." [...] His first post as Benedictus PP. XVI will be published on Sunday [ou seja: hoje].

retirado daqui.

Nas Bancas






HERO E LEANDRO - Leituras de um Mito
Preço de capa: 18€, 192 páginas.
(ler aqui as primeiras páginas)

O mito de Hero e Leandro é uma história de amor e de morte. Os protagonistas são Hero, sacerdotisa de Afrodite (Vénus para os Romanos), que habitava numa torre em Sesto, e Leandro, um jovem de grande beleza, natural de Abido. Habitavam em margens opostas do Helesponto (hoje, estreito de Dardanelos) e o seu amor não colhia a aprovação dos pais dela, nem a sua condição de consagrada ao culto lhe permitia o casamento. Mas, como o amor encontra sempre uma via para unir os que querem, todas as noites Leandro atravessava a nado o estreito para estar com a amada. Na travessia, era guiado por uma luz que Hero acendia no alto da torre em que morava. Numa noite de tempestade, porém, a luz apagou-se e ele não encontrou o caminho: as vagas arrojaram-no de encontro aos rochedos. No dia seguinte, quando o mar devolveu o corpo, Hero, incapaz de sobreviver sem o amado, precipit ou-se do alto do penhasco onde à noite o esperava. Ao longo dos séculos, este mito, na sua beleza trágica, tem seduzido inúmeros escritores, músicos e artistas plásticos.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

domingo, 13 de janeiro de 2013

olhar simbolista sobre vénus

Alberto Martini, O fim da Vénus Afrodita
Quadro de 1903, desenhado a pena e tinta por um 
dos maiores ilustradores simbolistas italianos. 
 

Portrait of a Classicist

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Obra de arte clássica é a que se retalha ao bisturi e já não se queixa.

Vergílio Ferreira, Conta-Corrente 5 (1984-1985), Bertrand Editora 1987, p.269

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Rimbaud em Latim para o Ano Novo


Alguns dos primeiros poemas de Rimbaud foram escritos em Latim, em elegante verso hexâmetro. Escreveu o primeiro com 14 anos, e um ano mais tarde venceria um prémio de composição latina no qual se incluiu o presente. Li-o pela primeira vez ontem, mas infelizmente não fui a tempo de o traduzir logo; chega com um dia de atraso: Em nome da Origem da Comédia, um feliz ano novo.


O Anjo e o Menino
Já o ano novo consumira a luz primeira,
A luz de que gostam as crianças, a luz rebuscada,
Em breve esquecida: sepultado  no sono e no riso
O menino languesce em silêncio; à sua volta o leito
De penas, e pela terra espalhadas as rocas sonoras;
Ao lembrar-se delas surgem-lhe sonos felizes,
Recebe os presentes celestes depois dos da mãe.
A face sorri, e os lábios meio abertos parecem quase
Chamar Deus. Junto à sua cabeça um anjo
Inclinado tenta colher os murmúrios languentes
Do seu coração inocente, curvado ante a sua figura,
Contempla o ethéreo rosto, com a alegria da face serena
Se espanta, com a alegria da mente se espanta,
Com aquela flor que o Noto não desflorou, "Menino par nosso,
Vai, ascende comigo aos céus, nos reinos celestes
Penetra; mostra o que vales em sonhos e em brilhantes palácios
Habita: e que a terra não retenha um discípulo dos céus!
Não confies em ninguém: os mortais jamais desfrutam
De alegrias sinceras; e até na fragrância da flor
Há algo de amargo, os corações agitados dão uso
A tristeza feliz; se não tiver nuvens jamais o prazer
Se alegra, e sempre uma lágrima brilha no sorriso hesitante.
Como? Terá mesmo a face pura de murchar num amargo viver,
As ânsias de manchar de lágrimas teus olhos azuis,
E a sombra do cipreste de te expulsar as rosas do rosto?
Não: entrarás comigo nas orlas divinas,
Juntarás tua voz às vozes dos coros celestes,
E lá em baixo verás as pessoas em vaga incessante.
Vai: a Divindade rompe-te as cadeias da vida.
Mas que não vele tua mãe com xaile de luto:
Nem não contemple o caixão de outro modo que o berço,
Renegue o sobrolho de dor, e que o vulto não se entristeça
Com o funeral: dê antes lírios a mãos cheias:
A quem é puro o mais belo dia é o último."
E logo lhe achega à cara rosada com cuidado uma pena,
E ceifa-o sem que ele disso se aperceba, recebe-lhe a alma
Nas asas azuis,  e transporta-o para as moradas celestes
Remando suavemente, no seu leito apenas os pálidos
Membros ficaram, que abandonou por graça de outrém;
Mas o sopro vital já não bafeja em serviço da vida;
Morreu…; mas perfumados de beijos seus lábios
Expiram um sorriso, e solta-se o nome da mãe,
Lembra-se ao morrer dos presentes do ano nascente.
Dirias mesmo que é um sono doce que lhe fecha os olhos;
Mas o sono profundo com honras maiores que as mortais
Cinge-lhe a face duma espécie de brilho celeste
E demonstra-o discípulo dos céus embora nascido na terra.
Oh! com quanta dor sua mãe o chorou
E com que choro incessante o sepulcro aspergiu!
De cada vez porém que com o doce sono fecha os olhos
Brilha do limite rosado dos céus um pequeno
Anjo, que se deleita a chamar a sua doce mãe,
O sorriso de um responde ao do outro, e em breve caído do ar
Voa com as suas asas de neve em volta da atónita mãe,
E junta os seus lábios divinos aos dela.

Arthur Rimbaud.
Texto latino: Poesia Latine di A. Rimbaud. Instituti Editoriali e Poligrafici Internazionali. (1998)
Tradução portuguesa minha.


L'Ange et l'enfant
Jamque novus primam lucem consumperat annus,
Jucundam pueris lucem, longumque petitam,
Oblitamque brevi: risu somnoque sepultus,
Languidulus tacuit puer; illum lectulus ambit,
Plumeus, et circa crepitacula garrula terrâ,
Illorumque memor, felicia somnia capit,
Donaque coelicolum, matris post dona receptat.
Os hiat arridens, et semadaperta videntur
Labra vocare Deum; juxta caput angelus adstat
Pronus, et innocui languentia murmura cordis
Captat, et ipse suâ pendens ab imagine, vultus
Aethereos contemplatur; frontisque serenae
Gaudia miratus, miratus gaudia mentis,
Intactumque Notis florem; "Puer aemule nobis,
I, mecum conscende polos, coelestia regna
Ingredere; in somnis conspecta palatia dignus
Incole: coelestem tellus ne claudat alumnum!
Nulli tuta fides: numquam sincera remulcent
Gaudia mortales; ex ipso floris odore
Surgit amari aliquid, commotaque corda juvantur
Tristi laetitiâ; numquam sine nube voluptas
Gaudet et in dubio sublucet lacryma risu.
Quid? frons pura tibi vitâ marceret amarâ,
Curaque coeruleos lacrymis turbaret ocellos,
Atque rosas vultus depelleret umbra cupressi?
Non ita: Divinas mecum penetrabis in oras,
Coelicolumque tuam vocem concentibus addes,
Subjectosque homines, hominumque tuebere fluctus,
I: tibi perrumpit vitalia vincula Numen.
At non lugubri veletur tegmine mater:
Haud alio visu feretrum ac cunabula cernat;
Triste supercillium pellat, nec funera vultum
Contristent: manibus potius det lilia plenis:
Ultima namque dies puro pulcherrima mansit".
Vix ea: purpureo pennam levis admovet ori,
Demetit ignarum, demessique excipit alis
Coeruleis animam, superis et sedibus infert
Molli remigio: nunc tantum lectulus artus
Servat pallidulos, quibus haud sua gratia cessit,
Sed non almus alit flatus, vitamque ministrat;
Interiit…; sed adhuc redolentibus oscula labris
Exspirant risus, et matris nomen oberrat,
Donaque nascentis moriens reminiscitur anni.
Clausa putes placido languentia lumina somno;
Sed sopor illo, novo plus quam mortalis honore,
Nescio quo cingit coelesti lumine frontem
Et terrae sobolem, at coeli, testatur alumnum.
Oh! quanto genitrix luctu deplanxit ademptum,
Et carum inspersit, fletu manante, sepulcrum!
At quoties dulci declinat lumina somno,
Parvulus affulget, roseo de limine coeli,
Angelus, et dulcem gaudet vocitare parentem,
Subridet subridenti: mox, aere lapsus,
Attonitam niveis matrem circumvolat alis,
Illaque divinis connectit labra labellis.