O ciclo de cinema da Origem fecha-se finalmente com uma última sessão no Porto, em que exibiremos O Olhar de Ulisses, de Theo Angelopoulos, o grande realizador grego que infelizmente nos abandonou há pouco mais de um ano enquanto trabalhava nas filmagens do seu novo filme. Angelopoulos viria a ganhar com a sua obra seguinte, Eternidade e Um Dia (1998), a Palma de Ouro, mas, na altura, desabafou que o palmarés chegava atrasado, com isso reconhecendo O Olhar de Ulisses como a sua grande obra, que foi galardoada em Cannes "apenas" com o Grande Prémio do Júri.
O Olhar de Ulisses é o filme do meio da trilogia que o realizador dedicou às fronteiras e aos Balcãs (para um resumo do argumento pelo próprio realizador, vide). O personagem principal, um realizador de nome A., percorre a península em busca das bobines do primeiro filme dos irmãos Manakis, os pioneiros do cinema nos Balcãs. A sua viagem replica, de alguma forma, as deambulações de Ulisses e, como o herói clássico, nas suas paragens vai-se cruzando com misteriosas mulheres, que são uma e muitas, a tempos encarnando Circe, Nausícaa, Calipso, Penélope.
O filme é duplamente pertinente, não só por esta revisitação do motivo homérico (que, de resto, reaparece noutros pontos na obra do realizador) como pela interrogação que constitui sobre a Grécia moderna e, até mais amplamente, sobre os Balcãs (grassava então a guerra em Sarajevo, cujas ruínas são o cenário de fundo de uma das cenas mais belas de toda a filmografia do autor e, quiçá, de todo o cinema). Fica o convite a este desafio de pensar os gregos, velhos e novos, a partir desta meditação filmada de Angelopoulos. Para nos orientar e estimular, teremos connosco Joana Matos Frias, professora da FLUP, que, no início, nos dará algumas pistas de leitura da obra, em torno da qual conversaremos todos no fim.
O OLHAR DE ULISSES, de Theo Angelopoulos
apresentado por Joana Matos Frias
legendas em inglês
31 de Maio, 18h30
Sala 201, Faculdade de Letras,
Universidade do Porto, Porto
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