domingo, 29 de agosto de 2010

Memórias do Prado §2

A Forja de Vulcano, de Velázquez
1630, óleo sobre tela, 223 x 290.

Nesta obra estão presentes os ensinamentos da estatuária greco-romana, das obras de Miguel Ângelo, do classicismo romano-bolonhês e do neo-venezianismo triunfante em Roma nas primeiras décadas do século XVII. Uma passagem das Metamorfoses de Ovídio, na qual Apolo visita a frágua de Vulcano para lhe contar que a sua esposa, Vénus, o enganou com Marte, serve a Velázquez para criar uma composição complexa, em que a história é narrada através de um reportório incrivelmente animado de gestos e expressões de incredulidade e surpresa. Mas a qualidade dramática alia-se à criação de um cenário de grande verosimilhança, em que pode sentir-se o espaço existente entre os corpos de cuidada anatomia que a luz, superando o tenebrismo, modela com rigor. Também o ar parece circular entre os objectos, magníficos pedaços de realidade em forma de natureza-morta: a armadura, as ferramentas, o ferro em brasa.

Alberto Pancordo, "A Colecção de Pintura Espanhola" in AA.VV., O Guia do Prado
Museu Nacional do Prado, Madrid: 2008

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