O texto acima é um artigo infelizmente necessário que falsifica as notícias que aparecem com a regularidade dum relógio sobre a suposta "ressurgência do Latim" nos curricula, por sinal sempre nos de outros países. (O meu favorito é o da Deutsche Welle.) É um artigo necessário porque o Latim (ou o Grego, ou as Humanidades, ou a Civilização Ocidental), se alguma fez conseguirem sair do seu torpor, não será devido à resolução iluminada dos alunos do secundário, que um dia acordarão conscientes de que o estudar a Antiguidade é o segredo para o futuro. Para que isso possa acontecer teremos de ser nós a colocarmo-nos em causa e a submetermo-nos a violentas auto-críticas. Para além dos motivos apresentados no artigo, estas histórias são sedutoras porque nos poupam a essa investigação interior, e (visto que são escritas por pessoas como nós), contam a história como nós a queremos ver contada: somos apresentados como os heróicos resistentes, os devotos adeptos do «água mole em pedra dura» que afinal de contas tiveram sempre razão (e, finalmente, a criançada lá acabou por perceber — a criançada, diga-se, lá de fora, lá nos países civilizados). Não temos mais que nos submeter a análise, porque a História (ou pelo menos as manchetes de meia dúzia de jornais online) acabaram por nos vindicar. E isso sabe bem cá dentro, mas é também perigosamente falso.
»But I'd argue there's more to it than that. This story persists in large part because it's a story we really, really want to believe. In a world full of talk about the "dumbing down of education" and worries about a generation unable to focus on anything longer than a text message, the notion of young people embracing "the classics" and taking on a subject that's famously difficult and challenging is immensely reassuring.«
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