sábado, 30 de novembro de 2013

Filohelenismo en 'Fuegos' de Marguerite Yourcenar

(informação recebida pela Origem da Comédia)















Convido-o a assistir à conferência do Professor Ramiro González Delgado, “Filohelenismo en Fuegos de Marguerite Yourcenar”, docente da Universidad de Extremadura, a ter lugar na Sala de Vídeo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no dia 2 de Dezembro (segunda-feira), às 11h30m.



A entrada é livre e sujeita à lotação da sala.

Um Espinho no Pé


Estátua Greco-Romana do Menino que tira um espinho do pé. @ Roma, Museus Capitolinos.


Nina Leen, fotografia para a revista Life, 1949.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Platão Sobre a Dívida


...nem [se há-de] emprestar dinheiro a juros, sendo inclusive lícito nada restituir ao credor, nem o juro [à letra, em grego: o filho] nem o montante emprestado.

...μηδὲ δανείζειν ἐπὶ τόκῳ, ὡς ἐξὸν μὴ ἀποδιδόναι τὸ παράπαν τῷ δανεισαμένῳ μήτε τόκον μήτε κεφάλαιον·

Platão, Leis 5.742c4-6

domingo, 17 de novembro de 2013

CCB - Ciclo Grandes Clássicos da Antiguidade Greco-Latina

Integram este ciclo os grandes clássicos da antiguidade greco-latina, Homero, trágicos, Virgílio, Horácio e Ovídio. Em grande parte, estes modelam a linguagem dos grandes poetas das várias línguas da Europa, reinventando-os em novo tempo.
Mais informação (datas etc) no site.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Dar Nomes Às Coisas (Sobre o sarcófago romano em Inglaterra)

Nos últimos dias uma situação que tem agitado o meio classicista online tem sido a descoberta dum sarcófago duma criança romana em Inglaterra. Evidentemente todos nós sabemos que alguém que tenha morrido na semana passada merece um enterro, enquanto que alguém que tenha morrido há mais de 100 anos merece uma vitrine. O desrespeito para com os mortos na museologia contemporânea é gritante, desde as múmias do British Museum, à lava de Pompeia, passando pelos corpos ressequidos na Igreja do Carmo em Lisboa.

Assim, quando li que havia o plano pela Arqueologia de Warwick de dar um nome à criança recentemente exumada «como sinal de respeito», confesso que fiquei feliz. Melhor teria sido não a exumar sequer, mas, visto que o iam fazer, ao menos restituir-lhe aquele grau de humanidade que tantas vezes é negado à grande legião de seres humanos classificados com tiras numéricas e enfiados em sacos de plástico pelas caves de arquivos desse mundo fora.

Esperançoso não fiquei porém por tempo a mais, pois ao ver a lista proposta e a partir da qual será escolhido nome não consegui evitar sentir um nojo imenso. As propostas são as seguintes: 

Oriens (nascente, como o sol)
Loquor (falo, declaro)
Aperio (abro, revelo)
Addo (inspiro, adiciono)
Accendo (ilumino, acendo)
Parvulus (criança, bebé)

O que todas estas palavras têm em comum é que nenhuma delas é um nome próprio. O que quase todas partilham é serem verbos. Não podemos culpar os responsáveis pela elaboração da lista de terem falhas em Latim, pois esta não é de maneira nenhuma uma questão de língua, é antes uma questão de como nos queremos aproximar do passado. Uma criança romana jamais teria um nome deste género, e o facto de o nome mais sensato da lista seja o desumano "Criança" [Puerulus] diz muito do tom. Que insulto não julgaríamos nós estar a ser cometido contra a singularidade de um bebé que fosse chamado apenas "Bebé", sem outro nome que essa descrição?

E apesar disso esse é muito melhor que todas as alternativas, que partilham todas elas dum egocentrismo cronológico sem limites. Queriam honrar a criança, prestar-lhe ritos fúnebres, mas o que fazem? Escolhem palavras que dizem respeito ao (suposto) efeito que a descoberta do cadáver está para ter no nosso tempo: aquele que fala, assumimos nós que do passado, aquele que revela, talvez os segredos da Antiguidade, aquele que ilumina acende e se manifesta aos pobres visitantes de museus do século XXI como aquele que declara aquilo que eles querem ouvir.

Que é tudo menos ouvir o passado tal como ele foi, tudo menos respeitá-lo: uma criança romana chamar-se-ia Marcus, talvez. Ou Postuma. Ou Decimus. Ou Publia. Jamais saberemos, mas escolher um nome romano, talvez um nome específico da Britânia romanizada, seria sim um acto de respeito. Ao passo que as escolhas possíveis, sob a fachada de respeitar esta criança, mais não fazem estão que a humilhá-la e a desumanizá-la ainda mais do que o perturbar da sepultura já fizera. Não são nomes de respeito mas sim de turismo, de turismo perverso porque ilustrado pela teleologia asséptica deste género podre de museologia.


Requiescas in pace.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Colóquio Internacional "Santo Agostinho"

Já várias vezes se disse: é mais comum celebrar os autores que as obras. Mas De Civitate Dei de Agostinho de Hipona, que talvez ele ainda tenha começado no fim de 412, mas que, com toda a certeza, já estava a redigir em 413, um século depois do Édito de Milão, é uma obra que, tendo brotado de uma circunstância histórica concreta ― o saque de Roma, por Alarico, no dia 24 de Agosto de 410, e a necessidade de refutar as acusações aos cristãos por, em virtude de “oferecerem a outra face” (Mt 5, 39), de“amarem os inimigos” e de, “além da capa, darem também o manto” (Lc 6, 27-28), serem culpados da quebra do tónus bélico dos romanos ―, rapidamente escapou ao contexto polémico de origem, tornando-se numa das obras mais marcantes não só do pensamento agostiniano, mas também dos inúmeros comentários, recepções, e traições ao seu pensamento. Longe nós, aqui, qualquer veleidade de lhe estabelecer sequer os contornos. Mas há algo que queremos sublinhar: De Civitate Dei, para o bem e para o mal, foi a primeira narrativa explícita e consciente de uma e única História universal, de cunho providencialista, e da construção teórica da unidade de todo género humano. Se é verdade, como querem alguns, que o tempo das grandes narrativas acabou, já a releitura da obra, hoje, 1600 volvidos, pode pôr-nos de novo perante indagações genuinamente agostinianas: quando ‘as muralhas da nossa cidade’ estão a ruir à nossa volta e o sentido do porvir é incerto, que fazer? As respostas de Agostinho (“a cidade são os cidadãos”,“sem justiça, o que são os reinos senão grandes bandos de ladrões?”) podem interessar mais ou menos, mas é inegável que algumas das suas interrogações podem ser ainda as nossas, e a História, ao invés de acabada, ei-la, in fieri. Teremos que alargar as muralhas? Reconstruí-las mais fortes, como querem alguns, já não (?) face aos bárbaros do Norte, mas contra os famintos do Sul? Destruí-las de vez e olhar mais longe? Eis algumas das questões em cima da mesa, neste Colóquio.

Resumos

Dia 14
09:00h ― Sessão de Abertura:
Reitor da Universidade da Beira Interior
Presidente da Faculdade
Organizadores

Moderador: José Manuel Santos, UBI
09:15h ― Jaume Aurell (UNAV), La Ciudad de Dios de San Agustín: el texto en su contexto
10:00h ― José Rosa (UBI), Questionando uma visão penal da história.
10:45h ― Debate

11:00h ― Intervalo

Moderador: Urbano Sidoncha, UBI
11:30h ― Manuela Martins (UCP-Porto), A Filosofia da História no De Civitate Dei de Santo Agostinho
12:15h ― Montserrat Herrero (UNAV), La teología política de San Agustín en De Civitate Dei
12:45h ― Debate


13:00h ― Almoço

Moderador: António Amaral, UBI
15:00h ― Maria Leonor Xavier (FLUL), Confirmações de Agostinho em De Civitate Dei
15:45h ― António Rocha Martins (CFUL), A ideia de justiça n’A Cidade de Deus
16:30h ― Debate

17:00h ― Intervalo

Moderador: Alexandre Luís, UBI
17:30h ― Américo Pereira (UCP-Lisboa), O absoluto do bem, o espaço, o tempo e o mal, em A cidade de Deus
18:15h ― Ángel Poncela (USAL), De dónde pudo alcanzar Agustín de Hipona aquella noticia con que tanto se acercó a la doctrina platónica
19:00h ― Debate

20:30h ― Jantar

Dia 15

Moderador: João Carlos Correia, UBI
09:00h ― Diogo Barbosa (UC), O mundo em metáforas no De Civitate Dei
09:45h ― Ana Rita Ferreira (CFUL), Do duplo paraíso à antropologia escatológica agostiniana
10:30h ― Debate

11:00h ― Intervalo

Moderador: Ana Leonor Santos, UBI
11:30h ― Filipa Afonso (CFUL), “Um belíssimo poema”. O belo e o tempo nas filosofias de Agostinho e de Boaventura
12:15h ― José Domingues (UBI), Das grandes narrativas à estética mínima. Lyotard leitor de Agostinho
12:45h ― Debate

13:00h ― Almoço

Moderador: André Barata, UBI
15:00h ― António Bento (UBI), ‘Não entrarão no meu repouso’: Glória e Sabatismo e Inoperosidade em Santo Agostinho e Giorgio Agamben
15:45h ― Debate

16:30h ― Encerramento

Auditório do Museu de Lanifícios, UBI- See more at: http://www.ifp.ubi.pt/subp/evento/376#sthash.k7YPMzd7.dpuf

sábado, 9 de novembro de 2013

um fragmento de Timótheo [«cesse tudo o que a Musa antiga canta»]

não canto o que é antigo
porque o que é novo é mais forte ·
Zeus é jovem e governa,
embora antigamente fosse Kronos quem mandava ·
desaparece, Musa antiga!

TimótheoLyrica Græca Selecta [426]. Tradução minha.

ουκ αείδω τὰ παλαιά,
καινὰ γὰρ αμὰ κρείσσω ·
νέος ὁ Ζεὺς βασιλεύει,
τὸ πάλαι δ' ῆν Κρόνος άρχων ·
απίτω Μοῦσα παλαιά

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Parabéns, Platão!

Μακαρίζομεν τὸν Πλάτωνα!


Dita a tradição de que Platão nasceu a 7 de Novembro. Na Antiguidade celebrava-se a data com representações do Symposion, onde se liam os discursos dos symposiastas tal como haviam sido descritos por Platão, ou então faziam-se novos discursos, também em honra do Amor. Esta prática, perdida durante a Idade Média, foi brevement reinaugurada no Renascimento às mãos de Lorenzo de' Medici e do seu hierophante — ou pelo menos é o que nos dita a maravilhosa obra Sobre o Amor de Marsilio Ficino*. Portanto,

Parabéns, Magister.

Quem dos leitores quiser hoje celebrar o maior philósopho de sempre, pegue numa cópia da República, ou do Banquete, ou doutro qualquer, e faça-lhe lendo de lá uma santa libação. Ou então, se o quiser fazer na maneira tradicional, imite Ágathon, Sócrates, Aristóphanes, e todos os outros, e, como diz o madrigal do Monteverdi, não fale de nada a não ser de amor (altro ch'amore — ou, como se diz em bom Grego, «ουδέν άλλο ὴ τὰ ερωτικά» Symposion 177e).



«Platone padre de’ philosophi, adempiuti gli anni ottantuno della sua età, el septimo dì di novembre nel quale egli era nato sedendo a mensa, levate le vivande, finì sua vita. Questo convito, nel quale parimente la natività e fine d’esso Platone si contiene, tutti gli antichi platonici infino a’ tempi di Plotino e Porfirio ciascuno anno celebravano. Ma dopo Porfirio anni MCC si pretermissono queste solenne vivande. Finalmente ne’ nostri tempi el clarissimo viro Lorenzo de’ Medici, volendo el platonico convivio rinnovare, la cura d’esso a Francesco Bandino commisse.» (Fonte)

Imagem: Pormenor de desenho de Paolo Farinati [1524-1606] @ Hermitage