segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Teste de Grego

Supostamente, "the most difficult sentence in Thucydides' history", que não é conhecido por ser particularmente simples, tirada do célebre discurso fúnebre de Péricles. Quem passa?

τῶνδε δὲ [a saber, dos Athenienses] οὔτε πλούτου τις τὴν ἔτι ἀπόλαυσιν προτιμήσας ἐμαλακίσθη οὔτε πενίας ἐλπίδι, ὡς κἂν ἔτι διαφυγὼν αὐτὴν πλουτήσειεν, ἀναβολὴν τοῦ δεινοῦ ἐποιήσατο· τὴν δὲ τῶν ἐναντίων τιμωρίαν ποθεινοτέραν αὐτῶν λαβόντες καὶ κινδύνων ἅμα τόνδε κάλλιστον νομίσαντες ἐβουλήθησαν μετ'αὐτοῦ τοὺς μὲν τιμωρεῖσθαι, τῶν δὲ ἐφίεσθαι, ἐλπίδι μὲν τὸ ἀφανὲς τοῦ κατορθώσειν ἐπιτρέψαντες, ἔργῳ δὲ περὶ τοῦ ἤδη ὁρωμένου σφίσιν αὐτοῖς ἀξιοῦντες πεποιθέναι, καὶ ἐν αὐτῷ τῷ ἀμύνεσθαι καὶ παθεῖν μᾶλλον ἡγησάμενοι ἢ τὸ ἐνδόντες σῴζεσθαι, τὸ μὲν αἰσχρὸν τοῦ λόγου ἔφυγον, τὸ δ'ἔργον τῷ σώματι ὑπέμειναν καὶ δι' ἐλαχίστου καιροῦ τύχης ἅμα ἀκμῇ τῆς δόξης μᾶλλον ἢ τοῦ δέους ἀπηλλάγησαν. [II.42.4]

sábado, 22 de setembro de 2012

Pensamento

É certo que, com o que sabemos hoje das influências orientais e egípcias sobre os gregos, não podemos mais aceitar a teoria do "milagre grego" como ela foi desenvolvida originalmente, mas poderemos dizer dos gregos o inverso do que de si disse Newton: foram gigantes em cima de anões.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Actor do Método, ou Simbelmynë §2

There was in the land of Greece an actor of wide reputation, who excelled all others in his clear delivery and graceful action. They say that his name was Polus, and he often acted the tragedies of famous poets with intelligence and dignity. This Polus lost by death a son whom he dearly loved. After he felt that he had indulged his grief sufficiently, he returned to the practice of his profession.

At that time he was to act the Electra of Sophocles at Athens, and it was his part to carry an urn which was supposed to contain the ashes of Orestes. The plot of the play requires that Electra, who is represented as carrying her brother's remains, should lament and bewail the fate that she believed had overtaken him. Accordingly, Polus, clad in the mourning garb of Electra, took from the tomb the ashes and urn of his son, embraced them as if they were those of Orestes, and filled the whole place, not with the appearance and imitation of sorrow, but with genuine grief and unfeigned lamentation. Therefore, while it seemed that a play was being acted, it was in fact real grief that was being enacted. 

Aulo Gélio, Noites Áticas 6.5
Loeb Classical Library, Cambridge MA, HUP: 1920-25 (trad.: Rolfe).
achado em Mark Ringer (1998), Electra and The Empty Urn. Chapel Hill & Londres: University of North Carolina Press.

domingo, 16 de setembro de 2012

Sobre a Viabilidade do Estoicismo

Diz-me, por favor, Lucílio: porque há-de um homem temer o sofrimento, porque há-de um ser humano recear a morte? Estou farto de encontrar pessoas que não acreditam que seja possível alguém fazer o que elas próprias são incapazes de fazer; segundo elas, as nossas doutrinas excedem as possibilidades da natureza humana. Dessas pessoas eu tenho melhor opinião do que elas próprias: todas elas são capazes de seguir a nossa teoria, só que não o querem. Ao fim e ao cabo, quem é que alguma vez a tentou seguir que se tenha visto traído por ela? Quem é que não a achou mais fácil de pôr em prática do que parecia? Não, não é porque a teoria seja difícil que não ousamos praticá-la; pelo contrário, por nós não ousarmos praticá-la é que ela se nos afigura difícil!

Séneca, Cartas a Lucílio XVII-III.104.25-26
Gulbenkian, Lisboa: 2009. (trad.: J. A. Segurado e Campos)

[Quid est, obsecro te, Lucili, cur timeat laborem vir, mortemhomo? Totiens mihi occurrunt isti qui non putant fieri posse quidquid facerenon possunt, et aiunt nos loqui maiora quam quae humana natura sustineat. [26] At quanto ego de illis melius existimo! ipsi quoque haec possunt facere, sed nolunt. Denique quem umquam ista destituere temptantem? cui non faciliora apparuere in actu? Non quia difficilia sunt non audemus, sed quia non audemusdifficilia sunt.]

Exclusivo: Nova Contratação Do Milan







Podes ver [pelo exemplo de Catão] como é possível desprezar as honras e a ignomínia: no mesmo dia em que foi rejeitado da pretura foi para o terreiro dos comícios jogar à bola!

[Vides honoremet notam posse contemni: eodem quo repulsus est die in comitio pila lusit.]

Séneca, Cartas a Lucílio XVII-III.104.33
Gulbenkian, Lisboa: 2009. (trad.: J. A. Segurado e Campos)

sábado, 15 de setembro de 2012

Apressa-te a Viver!

Formemos, portanto, a nossa alma como se já estivéssemos no fim da vida. Não adiemos: ponhamos em dia as nossas contas com a vida! O principal defeito da vida é ela estar sempre por completar, haver sempre algo a prolongar. Quem, todavia, quotidianamente der à própria vida "os últimos retoques" nunca se queixará de falta de tempo; em contrapartida, é da falta de tempo que provém o temor e o desejo do futuro, o que só serve para corroer a alma. Não há mais miserável situação do que vir a esta vida sem se saber qual o rumo a seguir nela; o espírito inquieto debate-se com o inelutável receio de saber quanto e como ainda nos resta para viver. Qual o modo de escapar a uma tal ansiedade? Há um apenas: que a nossa vida não se projecte para o futuro, mas se concentre em si mesma. Só sente ansiedade pelo futuro aquele cujo presente é vazio. Quando eu tiver pago tudo quanto devo a mim mesmo, quando o meu espírito, em perfeito equilíbrio, souber que me é indiferente viver um dia ou viver um século, então poderei olhar sobranceiramente todos os dias, todos os acontecimentos que me sobrevierem e pensar sorridentemente na longa passagem do tempo! Que espécie de perturbação nos poderá causar a variedade e a instabilidade da vida humana se nós estivermos firmes perante a instabilidade? Apressa-te a viver, caro Lucílio, imagina que cada dia é uma vida completa.

Séneca, Cartas a Lucílio XVII-III.101.7-10 
Gulbenkian, Lisboa: 2009. (trad.: J. A. Segurado e Campos)

[...sic itaque formemus animum tamquam ad extremaventum sit. Nihil differamus; cotidie cum vita paria faciamus. [8] Maximum vitae vitium est quod inperfecta semper est, quod [in] aliquid ex illa differtur. Qui cotidie vitae suae summam manum inposuit non indiget tempore;ex hac autem indigentia timor nascitur et cupiditas futuri exedens animum. Nihil est miserius dubitatione venientium quorsus evadant; quantum sit illud quod restat aut quale sollicita mens inexplicabili formidine agitatur. [9] Quo modo effugiemus hanc volutationem? Uno: si vita nostra non prominebit, si in se colligitur; ille enim ex futuro suspenditur cui inritum est praesens. Ubi vero quidquid mihi debui redditum est, ubi stabilita mens scit nihil interesse inter diem et saeculum, quidquid deinceps dierum rerumque venturum est ex alto prospicit et cum multo risu seriem temporum cogitat. Quid enim varietas mobilitasque casuum perturbabit, si certus sis adversus incerta? [10] Ideo propera, Lucili mi, vivere, et singulos dies singulas vitas puta.]

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Eu & Mim Próprio

Quem, pelo contrário, ande sempre a mudar de sítio em busca de tranquilidade encontrará sempre motivos de perturbação onde quer que esteja. Houve uma vez um homem que se queixou a Sócrates de nunca ter tirado proveito das suas viagens. "Não admira!" — respondeu o filósofo. "Viajaste sempre na companhia de ti próprio!". Como beneficiariam certas pessoas se conseguissem afastar-se de si mesmas! Na realidade, são elas a causa das suas próprias angústias, cuidados, aflições e receios. De que serve atravessar o mar andando sempre de uma cidade para outra? Se queres escapar aos males que te afligem, precisas de te tornar outro homem, e não de mudar de sítio. Imagina que vais parar a Atenas, a Rodes, ou a qualquer outra cidade à tua escolha. Que importância têm os costumes dessa cidade se tu levas para lá os teus próprios? 

[...at ille qui regioneseligit et otium captat ubique quo distringatur inveniet. Nam Socraten querenticuidam quod nihil sibi peregrinationes profuissent respondisse ferunt, 'non inmerito hoc tibi evenit; tecum enim peregrinabaris'. [8] O quam benecum quibusdam ageretur, si a se aberrarent! Nunc premunt se ipsi, sollicitant, corrumpunt, territant. Quid prodest mare traicere et urbes mutare? si visista quibus urgueris effugere, non aliubi sis oportet sed alius. Puta venissete Athenas, puta Rhodon; elige arbitrio tuo civitatem: quid ad rem pertinetquos illa mores habeat? tuos adferes.]

Séneca, Cartas a Lucílio XVII-III.104.7-8 
Gulbenkian, Lisboa: 2009. (trad.: J. A. Segurado e Campos)

Ao ler estas linhas ontem, não pude deixar de me lembrar do início deste pequeno monólogo do Jesse [saltar se faz favor para o minuto 3'50'']:

Novidades Editoriais Classica Digitalia

(informação recebida pela Origem da Comédia)
NOVIDADES EDITORAIS

Série “Humanitas Supplementum” (Estudos)
- Carmen Soares e Paula Barata Dias (coords.), Contributos para a história da alimentação na antiguidade (Coimbra, Classica Digitalia/CECH, 2012). 116 p.
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/jspui/handle/123456789/126 
PVP: 20 € / Estudantes: 16 € [capa dura]

Série “Monografias” (Estudos)
- Isabel Castiajo, O teatro grego em contexto de representação (Coimbra, IUC/CECH, 2012). 173 p. 
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/jspui/handle/123456789/130
PVP: 13 € / Estudantes: 10 €

Série “Autores Gregos e Latinos” (Traduções) - Delfim Leão e José Luís Brandão, Plutarco. Vidas de Sólon e Publícola. Tradução do grego, introdução e notas (Coimbra, CECH, 2012). 207 p. 
Hiperligação: https://bdigital.sib.uc.pt/jspui/handle/123456789/131
PVP: 12 € / Estudantes: 9 €

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Do Convívio Com Espectros




Hay un momento en el que los antiguos griegos irrumpen com ímpetu en la vida de las personas. A unas les sucede en la infancia, a otras en la etapa estudiantil y a otras en la madurez o incluso en la vejez avanzada. Como los causantes de todas las grandes commociones, ellos poseen la capacidad de turbar a cualquier edad.

Es cosa sabida que a Voltaire y sobre todo a Goethe y Schiller les producían un sentimiento de serenidad, pero no a Lev Tolstoi, a tenor de las notas de su esposa: «Si continúas obesionado con tus griegos, no mejorarás — escribe —. Son ellos los que te producen esa angustia y eso menosprecio por la vita cotidiana. No en vano consideran al griego una lengua muerta».

Tolstói mismo nunca afirmó que los antiguos griegos le causaran turbacíon y angustia, pero la condesa Tolstói estaba convencida de que mezclar-se con ellos era lo mismo que tratar con espectros. 

Ismaíl Kadaré, Esquilo. El Grand Perdedor. [cap. XIX] 
Siruela, Madrid: 2006 (trad.: Ramón Sánchez Lizarralde e María Roces).

domingo, 9 de setembro de 2012

Homerus am Maim


Quem em Frankfurt atravessa a o Meno pela Eiserner Steg passa sob uma mensagem escrita numa estranha língua. É uma citação da Odysseia de Homero.

πλέων ἐπὶ οἴνοπα πόντον ἐπ’ ἀλλοθρόους ἀνθρώπους
(Od.1.183)

navegando pelo mar cor de vinho para junto de povos de línguas estranhas. (tradução minha)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

cujos olhos faiscavam terrivelmente (Ilíada I.200)

Pallas Athene, de Gustav Klimt, 1898


Atenta antena
Athena
De olhos de coruja
Na obscura noite lúcida

Sophia de Mello Breyner, "Vieira da Silva", in Musa, Caminho, Lisboa, 1994, p.40


Em 2012, comemoram-se os 150 anos de Gustav Klimt e uma vasta colecção das suas obras (cerca de 400 exemplares) encontra-se no Museu de Viena em exposição até ao dia 12 do presente mêS, com destaque para Pallas Athene e o Retrato de Emilie Flöge.

sábado, 1 de setembro de 2012

Ηνωμένες Πολιτείες Αμερικής

William Gifford, the first editor of the Quarterly Review, is authority for the tale that a plan was set on foot during the Revolution for the abandonment of English as the national language of America, and the substitution of Hebrew in its place. An American chronicler, Charles Astor Bristed, makes the proposed tongue Greek, and reports that the change was rejected on the ground that “it would be more convenient for us to keep the language as it is, and make the English speak Greek.” The story, though it has the support of the editors of the Cambridge History of American Literature, has an apocryphal smack; one suspects that the savagely anti-American Gifford invented it. But, true or false, it well indicates the temper of those times. The passion for complete political independence of England bred a general hostility to all English authority, whatever its character, and that hostility, in the direction of present concern to us, culminated in the revolutionary attitude of Noah Webster’s “Dissertations on the English Language,” printed in 1789. Webster harbored no fantastic notion of abandoning English altogether, but he was eager to set up American as a distinct and independent dialect. “Let us,” he said, “seize the present moment, and establish a national language as well as a national government. … As an independent nation our honor requires us to have a system of our own, in language as well as government.”

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