Na verdade, hás-de acabar contigo, no fim,
uma morte de todas a mais vergonhosa,
depois de teres atado o baraço ao pescoço.
Desta espécie a sorte que te espera
pelas tuas más obras, uma lição para outros
pelos séculos dos séculos: acima dos deuses,
nunca se ergam os mortais.
Fragmento TrGf 15F3 da Medeia de Néofron de Sicião, que, segundo algumas fontes antigas, seria anterior à Medeia de Eurípides, o qual se teria inspirado fortemente no seu predecessor. A maioria dos estudiosos não dá crédito a esses testemunhos, e talvez tenham razão, mesmo se nunca se vai chegar a uma conclusão certa. De acordo com a Suda, a grande enciclopédia bizantina do século X, Néofron teria escrito 120 tragédias e teria sido o primeiro a trazer para o palco a personagem do pedagogo e o interrogatório de escravos sob tortura. Dele não nos restam senão três fragmentos da Medeia: quatro versos do encontro de Medeia e Egeu (que, nesta versão, viria a Corinto de propósito para a ouvir a respeito do oráculo que recebera), quinze versos do equivalente ao «grande monólogo» de Medeia, da peça de Eurípides, e os cinco acima traduzidos, sobre o destino de Jasão, retirados do final da tragédia (tradução inglesa dos fragmentos e testemunhos disponível aqui).
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