quarta-feira, 28 de julho de 2010

Gonçalo M. Tavares Sobre Séneca


[...] Às vezes é interessante não saber nada sobre o autor de um livro, para não haver contaminação do percurso político, pessoal. O que me parece é que os livros têm que ser lidos fora do... [sic] Quando são realmente literatura de qualidade são coisas que saltam do tempo em que foram escritos e editados. Os grandes livros perdem a data, podemos quase enganar as pessoas e dizer que acabou de sair um livro que tem 300 ou 400 anos. Se pegarmos um clássico, por exemplo, "Cartas a Lucílio", de Sêneca, e não dissermos que é de um autor do ano 30 depois de Cristo, que escreveu aquilo há quase 2.000 anos, o livro parece que foi escrito ontem. Realmente, para quem se interessa por livros, por literatura, os livros soltam-se do seu tempo e são avaliados pelo seu conteúdo.

[...] A questão da escolha dos senhores [do Bairro] tem a ver por um lado com o gostar da obra, mas muitas vezes tem a ver com se criar um personagem a partir do tom da escrita do autor. Então não é uma coisa direta e óbvia. Há autores que eu gosto imenso e nunca os colocaria como senhores. Há pouco falei do Sêneca, que é um autor que me marcou muito, mas que eu não conseguiria colocar nos senhores. Tem que ter um caráter lúdico.

Gonçalo M. Tavares em entrevista a um jornal brasileiro, aqui.

imagem: Morte de Séneca (sem mais informações)

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