O fragmento tem essa característica: obriga o relevante a aparecer logo, a não ser adiado. O fragmento impõe uma urgência, uma impossibilidade de diferir. Um fragmento não quer que o outro fragmento que vem a seguir diga o que é da sua responsabilidade dizer. O fragmento acelera a linguagem, acelera o pensamento. Trata-se de uma questão de velocidade e mobilidade que aproxima o pensamento de uma certa urgência que existe, por exemplo, no verso. [...] Deixar que a poesia volte a entrar na Filosofia é aceitar um aumento de velocidade da Filosofia: a frase que avança sem medo de dizer rapidamente o que tem a dizer.
Gonçalo M. Tavares, Atlas do Corpo e da Imaginação [pp. 41; 52]
Caminho, Lisboa: 2013.
σπουδαῖος, palavra grega que significa com pressa e sério (também, mas isso interessa menos para o caso, e é mais óbvio o porquê, bom): poucas pessoas até hoje inteligiram a conexão entre os dois sentidos, o primitivo e o usual. a citação acima é um contributo para a iluminação.
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