Poeta, ensaísta, artista plástica, investigadora, professora catedrática, foi a autora do primeiro poema concreto, escrito em Portugal, introduzindo e destacando-se no movimento da Poesia Experimental Portuguesa desde oa anos 60/70 (PO-EX). (biografia e bibliografia aqui e aqui; sobre o livro de poemas A Neo-Penélope, perder-se por aqui).
A Neo-Penélope
Não tece a tela
Não fia o fio
Não espera
Por nenhum Ulisses
Às portas do sangue
O herói adormecido
Agora está deitado
Ao Polifemo abraçado
Seu próprio satélite forçado
Há um intervalo nímio
Nas coisas
Que entre si independem
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À tua espera
Estou à tua espera.
Estou sempre à tua espera
De esse outro
Que me consome
Que me enche de sonho
E controvérsia.
O outro é TU-EU
Paradoxal oxímoro
Impossibilidade ansiosa.
Amar é uma tempestade de areia
Uma bruma vítrea.
Não menos que Penélope
Espero
Vagarosa e muda
Em minhas tarefas.
retirados de "Poemas Femininos" in A Neo-Penélope, &etc, Lisboa, 2007, pp.15 e 16.