Fócio, nascido circa 820, em Constantinopla, tornou-se patriarca da cidade por duas vezes, entre 858-861 e 878-886, sendo mesmo considerado por muitos o mais importante patriarca desde João Crisóstomo. Foi, além disso, um dos principais responsáveis pelo progressivo afastamento entre as duas igrejas (a de Roma e a do Oriente). Não nos interessa aqui, porém, o seu papel na história da Igreja, até porque viveu já muito tempo depois do período temporal com que este blogue normalmente se ocupa. Se aqui evocamos esta figura é por causa da sua Bibliotheca, também conhecida como Myriobiblion, uma colecção de 279 comentários a vários livros que Fócio leu, uma verdadeira compilação de exercícios de crítica literária, pequenas reviews, certamente dos primeiros exemplares do género de que temos conhecimento. A Bibliotheca lê-se como uma edição alargada do JL. Cerca de metade dos livros comentados por Fócio não nos chegaram, pelo que as informações no seu Myriobiblion são assaz preciosas para os estudiosos. Temos a sorte de o patriarca ser bastante eclético no seus gostos: Galeno, Isócrates, Cirilo, Luciano, os dois Clementes ou Aquiles Tácio são alguns dos autores que Fócio não deixou de comentar, alguns em poucas linhas, outros mais detalhadamente. Como amostra, e especialmente para a Tatiana, deixo aqui o comentário (que se verá não ser apenas isso, mas ter também outras informações curiosas, mesmo se possivelmente não verdadeiras) à Legatio Ad Gaium, de Fílon:
Read, also, his two tractates, Censure of Gaius and Censure of Flaccus in which, more than in his other writings, he shows vigour of expression and beauty of language. But he frequently errs by changing his ideas and in describing other things in a manner at variance with Jewish philosophy. He flourished in the times of the emperor Gaius, to whom he states that he sent a deputation on behalf of his own people, while Agrippa was king of Judaea. He was the author of numerous treatises on various subjects, ethical discussions, and commentaries on the Old Testament, mostly consisting of forced allegorical explanations. I believe that it was from him that all the allegorical interpretation of Scripture originated in the Church. It is said that he was converted to Christianity, but afterwards abandoned it in a fit of anger and indignation. Before this, during the reign of the emperor Claudius, he had visited Rome, where he met St. Peter, chief of the apostles, and became intimate with him, which explains why he thought the disciples of St. Mark the evangelist, who was a disciple of St. Peter, worthy of praise, of whom he says that they led a contemplative life amongst the Jews. He calls their dwellings monasteries, and declares that they always led an ascetic life, practising fasting, prayer, and poverty. Philo came of an Alexandrian priestly family. He was so admired amongst the Greeks for his power of eloquence that it was a common saying amongst them: "Either Plato philonizes or Philo platonizes."
Podem «folhear» o resto da obra aqui.
Não há muito andei de volta deste excerto. É dos poucos autores «próximos» temporalmente de Fílon que dele nos deixa alguma pista. Mas é um relato muito provavelmente dependente de Eusébio, que por sua vez será muito provavelmente dependente de Josefo (?).
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