segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Um Café com Homero

Wilhelm Amberg, Leitura do Werther de Goethe (1870) @Alte Nationalgaleria, Berlim
A cerca de uma légua da cidade há um lugar chamado Wahlheim agradavelmente situado no flanco de uma colina; quem seguir pelo atalho que conduz à aldeia abrange num só olhar todo o vale. Há ali uma pequena loja, de que é dona uma velhota, ainda fresca, apesar da idade. Vende vinho, cerveja e café. O que mais aprecio do que ali existe são duas formosas tílias, cujos largos ramos cobrem de sombra um pequeno largo que há defronte da igreja, rodeada de granjas e choupanas. Nunca encontrei sítio mais sossegado e mais a meu gosto. Mandei levar para lá, de casa da minha hospedeira, uma cadeira e uma mesa, e é aí que passo algumas horas a tomar o meu café e a ler o meu Homero.

[Ungefähr eine Stunde von der Stadt liegt ein Ort, den sie Wahlheim nennen. Die Lage an einem Hügel ist sehr interessant, und wenn man oben auf dem Fußpfade zum Dorf herausgeht, übersieht man auf einmal das ganze Tal. Eine gute Wirtin, die gefällig und munter in ihrem Alter ist, schenkt Wein, Bier, Kaffee; und was über alles geht, sind zwei Linden, die mit ihren ausgebreiteten Ästen den kleinen Platz vor der Kirche bedecken, der ringsum mit Bauerhäusern, Scheunen und Höfen eingeschlossen ist. So vertraulich, so heimlich hab' ich nicht leicht ein Plätzchen gefunden, und dahin lass' ich mein Tischchen aus dem Wirtshause bringen und meinen Stuhl, trinke meinen Kaffee da und lese meinen Homer.]

J. W. Goethe, Werther [carta 26 de Maio]
Biblioteca Visão/Abril-Controljornal, Linda-a-Velha: 2000. (trad.: João Teodoro Monteiro)

Sem comentários:

Enviar um comentário